Grupo maringaense vai à África

A vantagem de ter um blog é que a gente tem uma certa liberdade com o ritmo das postagens. Acabei ficando muito tempo sem aparecer por aqui devido a compromissos profissionais, seguido de uma posterior viagem a São Paulo e da comemoração natalina. Hoje retorno com novidades, postando um material que foi enviado pelo Alexandre Penha no dia 10 de dezembro e que já devia ter sido publicado …   ele conta de uma viagem incrível que fez em companhia de seu grupo, o Expressão de Amor. Então vamos lá…


 

Entre os dias 18 e 27 de novembro de 2014 o grupo de teatro maringaense Expressão de Amor viveu uma experiência singular de intercâmbio: os artistas Alexandre Penha, Hudson Zanoni, Renata França e Weglison Cavalaro visitaram o país africano Burkina Faso e depois ficaram dois dias na Europa, retornando a Maringá apenas no dia 30/11.

“Ficamos instalados na capital Ouagadougou, mas durante esse tempo visitamos cidades do norte e leste do país. Foram aproximadamente 2 mil quilômetros percorridos. A viagem foi patrocinada com a ajuda de amigos, igrejas, empresários e anônimos”, conta Alexandre.

O país africano onde o grupo desembarcou é classificado entre os 10 mais podres pela ONU, tem a maior taxa de analfabetismos do mundo com quase 76% da população, a expectativa de vida é de 55 anos, 85% da população tem até 26 anos, o francês é língua oficial, herança da colonização do século XIX, porem com mais de 74 dialetos tribais que são mais comuns que a língua nacional.

burkina

Weglison, Hudson, Renata e Alexandre. Foto: arquivo pessoal.

 

O grupo percorreu vilarejos tribais apresentando a peça “Brincando de Circo” e interagindo com a população por meio da linguagem do palhaço. “Estivemos acompanhando a Missão Desafio e Missão Integral para promoção da Infância, uma organização religiosa que já há sete anos trabalha no país de Burkina Faso promovendo, principalmente, educação para as crianças e melhoria da qualidade de vida com saneamento, alimentação e abertura de poços artesianos”, diz.

As apresentações ocorreram em espaços abertos, sem nenhuma estrutura de som, palco e luz. Apenas no vilarejo de Gayeri foi improvisada uma estrutura de palco e o espetáculo teve um público aproximado de 1.200 pessoas. Quanto à língua, havia a necessidade de duas traduções simultâneas: do português para o francês e do francês para o dialeto de cada vila.

“Para ir em alguns vilarejos tivemos que percorrer partes do deserto com escolta do exército de Burkina Faso, pois havia perigo de piratas do deserto”, lembra. Apesar dessas dificuldades “técnicas”, sem dúvida a experiência foi enriquecedora. “A visão sobre a África, depois da viagem, foi a certeza da força do povo africano, extremamente hospitaleiro, simpático e auxiliador. Realmente observa-se a pobreza, falta de água e diversos outros problemas causados pelas trágicas colonizações europeias. Atualmente a corrupção, disputas pelo poder e a falta de uma economia estruturada castigam o país. O que trazemos na bagagem são muitas histórias de encontros em seres humanos, que perpassam a cultura e a distância, alcançando a essência que é relacionar-se com o outro apenas com o desejo de conhecer o outro”.

Alexandre selecionou uma história, dentre tantas vividas, para contar com exclusividade à Toca da Coelho.

“Aconteceu no vilarejo da Nassumbu. O palhaço Cajuíno Castanho quis trocar seu chapéu com o líder da tribo. Eles começaram a negociar pelos gestos, já que não falam a mesma língua. Nessa relação trocaram chapéus, pentes, bolinha de sabão e, no final, o líder quis dar seu único chinelo para o palhaço, que recusou alegando que não queria ver o novo amigo com os pés descalços no deserto.

A apresentação que foi feita na praça central da pequena cidade de Gayeri teve um detalhe cultural fantástico. Uma das cenas da peça é quando o palhaço joga malabares com os sabres (ou facões) e esse momento foi impressionante pela reação do público que aplaudia e vibrava com a maestria do palhaço Adalberto Pé de Chinelo. Depois viemos a descobrir que naquele local eles fabricam facões e jamais podiam esperar tamanha habilidade com os instrumentos tão perigosos”. 

O grupo publicou um vídeo com imagens da experiência. Vale a pena dar uma conferida neste link.


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