Arquivo do mês: dezembro 2014

Expectativas para o teatro maringaense em 2015

Já escrevi sobre as minhas expectativas para 2015, agora é hora de contar as novidades que os grupos de teatro de Maringá estão planejando para o próximo ano. Falei com vários grupos e já deu para perceber que terei muito assunto para o blog. Seguem as respostas dos grupos:

TEATRO E PONTO produções artísticas

Marcio Alex Pereira: “Sim, além da Mostra em outubro (5ª edição), penso em retomar um projeto antigo, uma adaptação de um texto literário. Também estamos ensaiando um trabalho chamado “Em obras”. Vamos tentar levar o “Little People” pra cidades da região”.

Espetáculo "Little People" deve circular em 2015. Foto: Giovana Lago.

Espetáculo “Little People” deve circular em 2015. Foto: Giovana Lago.

Murilo Lazarin: “Então, sobre os planos da Tponto, a maior energia será concentrada novamente na Mostra 2015, completando cinco anos de aniversário. Ainda estamos em planejamento sobre a programação e a proposta do próximo ano, possivelmente fecharemos alguma coisa nas reuniões de final de ano. Esse ano foi bem bacana e algumas parcerias e o público nos deram ânimos para 2015. Tirando o carro chefe (te mando mais informações conforme formos definindo novas etapas), pretendemos o Turismo Cultural e algum novo trabalho dirigido pelo Marcio e produzido pela Tponto. O Little People é um espetáculo que nasceu esse ano e que tem a intenção de circular como proposta de um tipo de teatro contemporâneo. Existem os cursos livres ministrados pelo Leandro Foz e Marcio Alex no QG Cultural, um novo espaço que também possui parcerias com professores de canto e dança (não é um empreendimento da Tponto, mas uma parceria entre os artistas já mencionados). Acho que é mais ou menos isso…”

CIRCO TEATRO SEM LONA/TUM

“Então os planos são:

Eventos nas praças de Maringá com o projeto Aniceto Matti, se tudo der certo. Continuar com nossas peças, fomos selecionados para o SESI Cultural com o “O drama de Nely e Alberto”.

"Yerma" deve ter nova temporada. Foto: Renato Domingos.

“Yerma” deve ter nova temporada. Foto: Renato Domingos.

Na UEM vamos retomar o “Auto dos 99%”, vamos para o Fringe na Mostra Universitária que vai começar em 2015, continuar com peças que estrearam nos Módulos este ano (“Pintam na cega”, “Yerma”, montagem nova do módulo III (texto será definido durante o processo) e montagem nova do TUM “Parada do Velho Novo”. Mantidos também a Temporada Universitária e o Festival de Teatro, que estamos discutindo com o SESC para ser no primeiro semestre e não bater tantos eventos juntos”.

Quem respondeu: Pedro Ochoa

TEATRO DE CÂMERA

“Para 2015 o Teatro de Câmera vai encenar uma peça chamada “PUTA!” – que terá Jucélia Cadamuro, Joaquim dos Santos, Fabrício Machado, Elizabeth Barbosa, Mariana Scalassara, Amanda Podanoscki e mais alguém que ainda não sei, no elenco. O texto mostra o assassinato de um garoto por uma prostituta e os desdobramentos emocionais de cada um dos personagens durante a reconstituição do crime pela polícia. Inconscientemente (só agora percebo), há uma série de referências, como a das “mulheres sacrificadas” do Carl Dreyer (que o Lars von Trier tem “chupado” sem culpa nos seu filmes), a Nana (Anna Karina) do “Viver a Vida” do Godard, a Cabiria (a grande Giulietta Masina) do Fellini, as personagens conturbadas do Bergman, além da perversidade do Fassbinder e da atmosfera do cinema do Béla Tarr (com quem deverei estar em março, quando eu for para Budapeste – tomara que tudo dê certo). Como vê, o cinema continua na veia. No mais, creio que será um trabalho de novas posturas, como “O Rio da Paz” já vinha indicando.

"Pequeno tratado sobre a morte". Foto: Rafael Saes.

“Pequeno tratado sobre a morte” irá para outras cidades. Foto: Rafael Saes.

Também queremos apresentar “O Rio da Paz” e “O pequeno tratado sobre a morte” em outras cidades. Já estamos acertando alguns contatos e possibilidades.

Em Campo Mourão, com um grupo de lá, estou dirigindo o “Desaparecimentos” (cujo texto foi motivo de leitura dramática na segunda edição da Mostra de Teatro Contemporâneo, em 2012). Deverá estrear em setembro ou outubro. Pauleira!!!

Em Mandaguari, com as adolescentes do Saindo da Coxia, estou remontando o “Barricada”. Penso que deverá ficar muito punk… porque aquele texto é duro demais e as duas meninas (ambas com 16 anos), Vanessa Prina e Bruna Cassiano, estão muitíssimo empenhadas. Além disso, devo escrever uma peça nova para as quatro meninas do grupo – alguma coisa com muito humor negro e tirando um sarro dos dramas contemporâneos (acho que a Sarah Kane vai se revirar na tumba)”,

Quem respondeu: Paulo Campagnolo

CIA MANIPULANDO

"Histórias da morte". Foto: divulgação.

“Histórias da morte” será retomado em 2015. Foto: Fernando Bachega.

“Em 2015 a Cia Manipulando está preparada para muitas novidades.  Iniciaremos o primeiro semestre com o “Piquenique da Leitura”, um projeto de incentivo à leitura que vai visitar 12 praças da nossa cidade e que fazemos com muito carinho. Traremos grandes nomes do cenário nacional na contação de histórias. Temos grandes chances de realizar um encontro de contadores em Maringá com uma importante parceria.  Também estamos conversando com um grande shopping para um evento permanente de grande importância.  Retomaremos o mais recente trabalho “Histórias da morte” e estreamos um novo trabalho focado na na pesquisa da arte narrativa com menos objetos, uma experiência nova”.

Quem respondeu: Danilo Furlan

CIA FORFÉU

“Para 2015 os projetos da Cia Forféu são a produção do espetáculo “As aventuras de um Pequeno Príncipe”, baseado no livro de grande sucesso de Saint-Exupéry,  terceiro livro mais traduzido no mundo. A previsão é que o espetáculo seja produzido com recursos do Prêmio Aniceto Matti e estreie no segundo semestre do próximo ano.

Outro projeto importante para ser realizado em 2015 é a I Mostra de Teatro Estudantil de Maringá que já se encontra em fase final de aprovação na Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). A I Mostra vai acontecer entre os dias 8 e 13 de setembro de 2015 e tem como objetivos incentivar a produção de espetáculos teatrais, enfatizando a criação e reflexão artística sobre o fazer teatro na esfera estudantil e estimular a formação de plateia.  Podem se inscrever grupos formados por alunos matriculados nas unidades escolares de ensino médio e/ou fundamental, situadas no município de Maringá”.

Quem respondeu: Alan Gaitarosso

CIA TIPOS & CARAS

“Pois é, preciso me planejar ainda para 2015. Alguma coisa nova teremos, mas ainda não tenho nada definido. Um espetáculo de contação de histórias é a única coisa que tenho como certa até agora, mas quero também montar um espetáculo para o público adulto, porém ainda preciso amadurecer a ide$a. rs. A contação de histórias não é uma adaptação de Chapeuzinho, mas sim uma brincadeira que lembra a estória da Chapeuzinho Vermelho, um texto meu que vou montar com o José Paulo. Já o espetáculo adulto, que requer um investimento financeiro maior, vamos tentar pelo edital do Governo do Estado”.

Quem respondeu: Majô Baptistoni

GRUPO DE PESQUISA TEATRAL AJNA

Nossa Vontade é manter e aprofundar nossas pesquisas no esotérico e no metafísico, buscando a descoberta de procedimentos teatrais exotéricos e físicos, o que é investigação de uma linguagem singular. Convidaremos também novos membros para o grupo, formalizando um grupo de estudos. Buscaremos formas granais de viabilizar uma temporada e a circulação do nosso primeiro espetáculo, FLORESCERRO. Manteremos o foco na dramaturgia própria para o próximo trabalho.

Quem respondeu: Lucas Fiorindo


ATua Cia não quis responder os questionamentos porque, de acordo com Leiza Maria, o destino do grupo ainda é incerto para o próximo ano. Os grupos Fantokids, Pau de Fita e Meu Clown ainda não responderam.


Retrospectiva pessoal

É tempo de retrospectivas e planejamentos. Nessa época do ano é comum relembrar, avaliar e planejar nossa vida, nosso próximo ano. No meu caso, é um período de esperança, de expectativas e ansiedade redobrada.

Lembro que meu ano começou com estudos de teatro, em um grupo organizado pela Teatro e Ponto Produções Artísticas. Os estudos duraram algumas semanas de janeiro, mas logo findaram porque outros compromissos foram nos chamando.

Curitiba

Em fevereiro fui a Curitiba por um convite de trabalho no tradicional festival de teatro. Foi uma experiência que durou apenas uma semana, pois logo percebi que não iria me adequar à dinâmica do festival. Entretanto, por mais que tenha sido rápida, foi importante.

"Big Bang Boom". Foto: Rachel Coelho

“Big Bang Boom”, de Michelle Moura, em Curitiba. Foto: Rachel Coelho

Como todos os anos acompanho o festival que começa no fim de março e eu já estava na cidade, acabei ficando em Curitiba. Consegui um trabalho de assistente de produção em um projeto específico na empresa Expressão Criação e Produção, do meu grande amigo Well Guitti. Acompanhei a circulação do espetáculo de dança contemporânea “Big Bang Boom”, da artista Michelle Moura, nas regionais de cultura do Boa Vista e Santa Felicidade.

A ideia era continuar trabalhando com o Well, parceiro em outros projetos, mas a greve da Funarte acabou atrasando o repasse de um projeto que havia em vista e, por isso, acabou não rolando outro trampo. Apenas participei de reuniões e fiz um orçamento de uma circulação que não vingou. Fiz contato com um amigo, Fernando, para elaboração de um projeto para a Lei Rouanet, trabalho que deve rolar em 2015.

Em abril fiz uma visita a Porto Alegre e tive a oportunidade de conhecer a Terreira da Tribo, sede da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, um dos grupos de teatro que mais admiro no Brasil. A partir disso, foi possível ajuda-los em Curitiba por ocasião do edital Cultura 2014, que viabilizou apresentações culturais em cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo. Mais uma experiência enriquecedora, que me manteve em Curitiba até o dia 21 de junho. No mesmo dia embarquei de volta a Maringá, chegando na manhã do dia 22, aniversário de minha mãe.

Eu e a galera do Ói Nóis. Foto: Giovana Lago.

Eu e a galera do Ói Nóis Aqui Traveiz em Curitiba (junho de 2014). Foto: Giovana Lago.

Retorno à Maringá

24 de junho era o prazo final para inscrição no edital do Prêmio Aniceto Matti, da Prefeitura Municipal de Maringá. O projeto “Formação e Capacitação de Artistas – Ciclo de oficinas e palestras” havia sido pensado e escrito em Curitiba. Finalizei os detalhes e fiz a inscrição. O edital foi enrolado, o primeiro resultado que saiu não informava que nem todos os aprovados seriam necessariamente premiados. Vários proponentes entraram com recursos e eu acabei perdendo as esperanças. No entanto, quando eu menos esperava, veio a notícia da aprovação (o resultado final saiu apenas no dia 16 de dezembro). A previsão para execução é abril de 2015.

Ao retornar à Maringá, também voltei a me encontrar com Marcia Costa, com quem já havia falado em 2013 sobre a possibilidade de montar um espetáculo solo. Escrevi o projeto para o edital do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz e foi grande a surpresa quando descobri que fomos um dos sete contemplados na região Sul do País para montar um espetáculo. Comemorei muito, pois acredito ter sido uma grande conquista. É a primeira vez que se aprova um projeto neste edital em Maringá. A previsão é estrearmos “Tempos de Cléo” em março de 2015, mas isso vai depender do depósito do recurso, ainda sem previsão.

Encontro "Tempos de Cléo". Foto: Weslley Borges

Equipe “Tempos de Cléo”: eu, Gabi Fregoneis, Marcia Costa e Carolina Santana.

Intermediei o encontro de André Fabrício (que desejava voltar aos palcos como ator) e Marcia Costa, pessoa com quem pretendo trabalhar muitas e muitas vezes. Após alguns encontros deliciosos, elaborei um novo projeto de montagem para o edital da Bolsa Funarte de Fomento aos Artistas e Produtores Negros, que ainda não divulgou resultado. Trata-se do espetáculo “Nossa Senhora Noturna”, cuja ideia é muito legal e nos empolga. Agora é torcer!

Florescerro

No comecinho de outubro fui convidada a embarcar em um projeto independente de montagem. Pela primeira vez um texto fruto do Núcleo de Dramaturgia do SESI seria levado ao palco em Maringá. A equipe envolvida me convenceu de que seria uma boa ideia, embora não goste de projetos com prazo apertado, sobretudo no caso de montagens.

Em apenas dois meses foi concebido o espetáculo “Florescerro”, pelas mãos do autor Gustavo Hermsdorff, do diretor Lucas Fiorindo, dos atores André Fabrício e Vinicius Huggy e da cenógrafa Ana Paula Siste. Eu assinei a produção da montagem, que veio à tona antes de “Tempos de Cléo” e, portanto, me iniciou no mundo da produção de montagens!

Foi uma única apresentação, mas a experiência valeu demais! Um rico aprendizado! Ainda não sabemos como será 2015, mas o desejo dos meninos é voltar a cena.

E mais…

E no meio disso tudo ainda mantive o blog e a coluna no jornal O Duque (onde também dei algumas contribuições como repórter). Participei do GT de Cultura, que ao longo do ano fez reuniões semanais e encampou a criação da primeira cooperativa cultural do Paraná (em andamento). Ainda este ano (novembro) consegui abrir um CNPJ, que por enquanto ainda é MEI. Em setembro iniciei uma pesquisa sobre a história do teatro em Maringá, mas não consegui fazer o suficiente. Faltou tempo. Em outubro iniciei um trabalho no Instituto João Bombeirinho, do qual acabei desistindo por não querer fugir do foco profissional. A necessidade de dinheiro está o tempo todo nos tentando a mudar de rumo. Fiz revisão ortográfica do livro “A história de Naitá”, do Danilo Furlan (já lançado). Trabalhei durante uma semana na 1ª Festa Literária de Maringá (FLIM). Isso sem contar com os projetos que não foram aprovados, mas demandaram o tempo de sua elaboração e coisa e tal.

SP

Para encerrar o ano, fiz uma viagem marcante: fui a SP acompanhar o Ói Nóis Aqui Traveiz na Mostra Conexões para uma arte pública, que promoveu um intercâmbio entre o grupo gaúcho e o carioca Tá na Rua, o mineiro Casa do Beco e o paulistano Pombas Urbanas. Além destes, ainda tive o privilégio de conhecer o grupo Contadores de Mentira, de Suzano.

Se eu pudesse resumir a experiência (pois para descrevê-la não consigo encontrar palavras) eu diria que me encorajou a seguir adiante, a lutar, a batalhar. Esses grupos são resistentes. Estando com eles é possível perceber a força, a coragem e o amor pelo teatro. A importância que eles tem em suas comunidades e o respeito que conquistaram nela. Como a arte pode abalar estruturas, pode transformar. Como ainda nos falta em Maringá mas, sim, É POSSÍVEL. Eles são um belo exemplo disso: de que é possível. E pode ser lindo, pode ser doce, pode ser forte. Só não vai ser fácil.

Expectativas

A previsão é começar 2015 trabalhando.

Como pretendemos estrear “Tempos de Cléo” no início de março, voltaremos a nos reunir no início de janeiro. Em seguida, durante o mês de junho, pretendo executar o projeto aprovado no Aniceto Matti, que é de oficinas e deve durar praticamente o mês todo. Deste mesmo edital estou na equipe do projeto do Marcio Alex Pereira, uma pesquisa sobre a Vila Operária que pretende reunir material que posteriormente irá subsidiar a criação de um espetáculo sobre o bairro. Não sei do cronograma, mas certamente serão meses de trabalho.

Farei a assessoria de imprensa do Festival de Teatro do Estudante, projeto do grupo Forféu (do distrito de Iguatemi), que resgata o projeto da Secretaria de Cultura em que tanto trabalhei nas três edições realizadas. O festival deve ocorrer em setembro, mas minha função, segundo Alan Gaitarosso me informou, começa em março.

O edital do Viapar Cultural está aberto até fevereiro e para ele mandarei alguns projetos com previsão de realização no segundo semestre. Torço para que um deles passe! Temos também o edital do PROFICE e a peça “Florescerro”, que queremos circular e apresentar. E é isso o que está previsto, o resto é novidade.

Que seja um ano tão ou mais produtivo que este.


Gralha Azul 2014 – vencedores

No dia 16/12 foi entregue em Curitiba o Troféu Gralha Azul, importante prêmio para o teatro feito na capital paranaense. O grande vencedor de 2014 foi o espetáculo “Tchekhov”, da Ave Lola Espaço de Criação, que faturou nos quesitos espetáculo, direção,  texto adaptado, figurino e iluminação. Cristine Conde, que está no projeto maringaense “Tempos de Cléo” (solo de Marcia Costa), levou como melhor figurinista.

Confira abaixo a lista completa dos vencedores:

Melhor texto adaptado: Ana Rosa Terra, por “Tchekhov”

Melhor cenário: Guenia Lemos, por “Marlon Brando, Whiskey, Zumbis e Outro Apocalipses”, e Aorelio Domingues, por “Entre tantos contratempos”

Melhor figurino: Cristine Conde, por “Tchekhov”

Melhor sonoplastia: Candiê Marques e Doriane Conceição, por “Entre tantos contratempos”

Melhor iluminação: Rodrigo Ziolkoeski, por “Tchekhov”, e Wagner Corrêa, por “Marlon Brando, Whiskey, Zumbis e Outro Apocalipses”

Revelação: Gabriel Comicholi, por “Satyricon Delírio”

Melhor ator coadjuvante: Wellington Silva, por “O Beijo no Asfalto”

Melhor atriz coadjuvante: Taciane Vieira, por “Música do portão pra dentro – MPB para crianças”

Melhor ator: Felipe Sarrafo, por “Entre tantos contratempos”

Melhor atriz: Má Ribeiro, por “Bifes_1”

Melhor direção de espetáculo para crianças: Mauricio Vogue, por “Música do portão pra dentro – MPB para crianças”

Melhor espetáculo para crianças do ano: “Música do portão pra dentro – MPB para crianças”, da Cia. Regina Vogue.

Melhor direção: Ana Rosa Tezza, por “Tchekhov”

Melhor espetáculo do ano: “Tchekhov”, da Ave Lola Espaço de Criação

Homenagens

O Prêmio Especial da noite foi entregue ao ator, diretor e produtor Jewan Antunes, por sua contribuição e militância no cenário teatral paranaense.

Valdevino Guerreira Teixeira, técnico e operador de luz do Centro Cultural Guaíra e profissional há mais de vinte anos, foi condecorado como Técnico do Ano. O Gralha Azul também prestou homenagem ao diretor Marcelo Marchioro, morto neste ano.


Um Teatro em gestação: a planta, a criança, a fala

Escrito por Julia Raiz do Nascimento.

Voltar à Maringá como turista e me deparar com o que está acontecendo na cena independente teatral é sempre como tomar fôlego. As iniciativas culturais não institucionalizadas, aquelas que por não estarem necessariamente atreladas a um órgão maior ficam à margem da produção “oficial”, podem gozar da benção de serem subversivas.

E é nesse contexto de manifestação cultural deslocada, que procura alforria em relação aos agentes tradicionais de produção artística, que eu pretendo falar da encenação de Florescerro ou Um erro que vive, com texto de Gustavo Hermsdorff, direção Lucas Fiorindo, com a dupla André Fabrício e Vinicius Huggy no palco, cenário assinado por Ana Paula Siste e produção de Rachel Coelho. Preciso, primeiramente, dizer que me é muito satisfatório que artistas jovens viabilizem, por pura força de vontade, desde a produção do espetáculo até o espaço para a crítica, onde escrevo essas percepções sobre a peça. Contemplando então várias plataformas de realização e divulgação teatral.

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O texto, escrito em 2010, deriva da participação do autor na Oficina de Dramaturgia do SESI que tem como norte (pelo menos inicial) o trabalho do dramaturgo paulistano Roberto Alvim. O espetáculo se materializou no dia 12/12 na Oficina de Teatro da UEM e é campo propício para discutir algumas questões do chamado Teatro Contemporâneo. Considero aqui contemporâneo em dois sentidos: 1) como aquilo que pertence ao tempo de agora e 2) como uma atitude epistemológica diante da produção/recepção artística. Assim, amplio um pouco mais o conceito de contemporâneo para pensá-lo também como um posicionamento estético-político diante do presente.

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Contemporâneo é aquele que não coincide perfeitamente com o seu tempo, não está sossegado a suas pretensões. E é justamente nesse deslocamento, sendo inatual, que consegue aprender mais do que os demais o seu próprio tempo (ideias que empresto de Agamben[1]). Experimentar uma atitude anacrônica em relação ao seu próprio tempo, me parece, portanto, um caminho muito fértil a seguir, já que permite uma relação de não comodismo/obediência ao presente.

Ao ver Florescerro no palco do Teatro da UEM na sexta tentei apreender como a estética de Alvim – a poética do Transumano, os trabalhos da Cia Clube Noir (Alvim e a esposa Juliana Galdino) – tinha sido reconfigurada/reconstruída/ressignificada pelo grupo responsável pela encenação a fim de parir uma coisa própria. Investir no autoral, no que é “seu” – seja lá o que isso for – me parece extremamente relevante quando se pretender fazer/discutir arte. A partir disso, entendam minha satisfação em ouvir o André F. abandonar o “r” tepe (típico paulistano) da palavra persegue, para abraçar – ao longo da peça – o “r” retroflexo (típico maringaense).

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Justamente, penso que o posicionamento estético do Alvim não pode se tornar um paradigma a ser seguido como uma subjetividade reinante da onde procede outras derivações menores e menos acabadas da mesma estética. E tenho absoluta certeza de que essa não é a vontade de iniciativas tão bacanas como a Oficina de Dramaturgia do SESI.

Identifiquei alguns pontos que relacionam a encenação de Florescerro à poética de Alvim: o cenário mínimo, a presença dominante do escuro, o trato tensionado com a linguagem, a ausência de uma preocupação narrativa tradicional, etc, etc. Felizmente, o grupo não se restringiu a seguir paradigmas e investiu no que foi chamado de Teatro Metafísico. A presença robusta dos dois únicos atores no palco (seguraram o rojão!) viabilizou que o diálogo proposto pelo diretor Lucas F. com a filosofia taoista florescesse em resultados interessantes no palco.  Chego aqui ao que mais me interessa na peça: a possibilidade de pensar a linguagem como mantra.

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Linguagem como mantra…Dessa constatação meio mal acabada, ainda em processo, surgem outros apontamentos que pretendo pontuar aqui. É preciso afirmar, primeiramente, a importância da criação (no teatro) de um outro espaço energético, onde se instaura uma percepção temporal diversa da neo-liberalista, preocupada em chegar a algum lugar e chegar lá rápido (empresto a ideia da fala do Lucas F., diretor, na discussão proposta depois da encenação. Iniciativa mais do que bem-vinda!).

O teatro vira, assim, espaço para o ritual, onde o poder da palavra pode invocar sensações e trocas energéticas. Não se pretende, entretanto, sagrado, mas dessacralizador de mitos que precisam ser REcontados. Esse teatro se preocupa cada vez menos com uma linguagem referencial: aquela em que o signo equivale/representa algo no mundo. A palavra flor – que aparece 11 vezes no texto -, por exemplo, se amplia enormemente invocando inúmeros sentidos. Nenhum dos usos se estabelece de maneira mais ou menos “correta” do que o outro. Já que o signo não encontra um referencial imediato na realidade, se transforma em som-gestacional: prepara um novo caminho para um novo signo, como se provesse uma criança ou uma mudinha de planta.

Quero enfatizar que quando falo de linguagem, absolutamente não estou me restringindo somente ao texto escrito, mas me remeto ao que foi criada no palco a partir de um diálogo entre todos os elementos teatrais: iluminação, cenário, figurino, direção, atuação, público, etc, etc. O texto primeiro (escrito da Oficina do SESI), de maneira nenhuma, se estabelece como discurso autoritário, da onde deriva “fielmente” o espetáculo teatral.

Sobre essa relação texto-encenação, me chama a atenção que a escrita de Gustavo H. explora o desfacelamento do indivíduo não apenas na desconstrução da sua identidade (os “personagens” não têm nome, para me restringir a um exemplo evidente). Mas opta por uma escolha, mais radical e inteligente, pelo desmembramento físico de A (personagem): arrancar os dentes, despedaçar os braços. Passagens que infelizmente não foram exploradas em toda sua potencialidade quando o texto se transforma em peça.

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Por outro lado, a encenação propõe outras passagens que não aparecem no texto escrito, como é o caso da belíssima cena do banho ou, o que é eu prefiro chamar de batismo, em que A é lavado por B. É no balanço de erros e acertos que se faz teatro. E é aí que a arte teatral ganha meu coração. Por ser uma experiência única que nunca se repete tal-qual e que não precisa ser pensada apenas como encarnação de um texto preocupado em comunicar algo inteligível. Outras formas de troca podem ser estabelecidas nesse ritual coletivo sem que o “racional” seja estabelecido como expressão/percepção reinante.

Desvencilhada dos grilhões que uma linguagem referencial pode estabelecer, a peça abre espaço para: 1) ruídos e desvios de linguagem; 2) entonações desabituais; 3) atenção especial à articulação das pa-la-vras. É, sem dúvida, uma linguagem que explora a potencialidade da tensão estabelecida pelos oximoros. Temos um oximoro quando temos a combinação contraditória de termos, como na passagem “A: (…) Aquela feita por mortos para os cegos de olhos e os surdos de ouvidos: a profecia do sorriso”. A questão é que o teatro tem muito mais a oferecer quando investe na problematização da linguagem. Florescerro faz justamente isso. Pode algo fértil (mesmo que efêmero) florescer de um erro? Pode a linguagem artística ser espaço profícuo para desvios? Acredito que sim.

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É claro que o encontro entre iniciativas como Florescerro e o público pode ser alienante – apenas no sentido de ser, para alguns tipos de público, difícil de conectar-se à experiência proposta no palco. Por outro lado, desse encontro podem surgir n questionamentos, já que abre espaço para fala desnaturalizada que desafia um cotidiano muitas vezes utilitário e reduzido lexicamente. Agora, preciso retomar o uso da palavra alienante para estabelecer uma ressalva. Várias manifestações de teatro contemporâneo, ou numa abordagem mais teórica do chamado teatro pós-dramático, são acusadas de serem apolíticas e por isso alienantes. Penso justamente o contrário.

As questões propostas por vários movimentos do teatro contemporâneo, mesmo sem conteúdo político explícito, ao estabelecerem uma outra percepção de tempo e subjetividade, problematizam profundamente discursos dominadores, como o científico e o religioso.  Ao colocar em cheque os conceitos de “verdade” e “realidade”, o teatro pode ser altamente subversivo, inclusive, por dar voz aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos”.

É claro que nem todo mundo precisa ter interesse em “consumir” (na falta de palavra melhor!) a estética apresentada por Florescerro, e isso é totalmente aceitável. Legal mesmo é a gente ter diversidade na cena teatral, ninguém precisa definir uma vertente única para o teatro contemporâneo brasileiro. E apesar de todas as dificuldades que envolvem o fazer teatral no Brasil, temos talento de sobra para não precisar reduzi-lo.

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E aqui me lembro de uma discussão que tive com uma amiga querida em Curitiba. Ela estava com a difícil tarefa de escrever, para um jornal (talvez na Gazeta do Povo), um texto intitulado O que é uma boa peça pra você?. É claro que o título gerou vários questionamentos que não cabe aqui colocar, mas me interessa destacar aonde eu cheguei com tal discussão. Me parece que uma “boa peça” (estranho usar essa expressão!) é aquela da onde você não sai ileso.

Me explico: a indiferença não é uma opção, porque o seu trato digestivo tá tão incomodado com o que você “consumiu” que reações das mais diversas são inevitáveis. Pode ser raiva, pode ser tensão, pode ser tesão (o Word pede que a palavra seja trocada por excitação, me poupe!) pode ser melancolia, pode ser tanto mais. Mas tá ali algo que te faz pensar e sentir e pensar e sentir e pensar e sentir depois que as luzes se acenderam e enquanto você dirige pra casa. Não é teatro que você logo esquece e vai jantar com a consciência limpa e o estômago vazio.

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É claro que isso não vem de graça né. E se eu fui embora pensando sobre a peça não é porque ela não teve defeitos, mas porque, entre outras coisas, teve entrega. A presença dos atores André F. e Vinícius H. sustentou um palco pequeno e uma casa lotada. Diante de uma atuação corajosa estava um público que, acredito, não pôde deixar de notar a atenção profissional dispensada tanto ao macro (destaco pessoalmente o trabalho com o fogo, a água e os X kg de areia!!! e a importância dada ao programa/encarte distribuído), quanto ao mínimo (a cueca utilizada por André F. e as “medalhas” despregadas da roupa do Vinícius H., por exemplo). Mérito da responsável pela confecção de figurino Ana Brás Furlan. É bonito ver ator suando no palco. É bonito ver toda a equipe esgotada depois do espetáculo.

Por fim, Florescerro cria subjetividades numa tensão constante. Vozes que, a fim de pensar sobre a linguagem, têm que desaprender a falar. Presenças que, a fim de pensar sobre si mesmo, têm que negar o que se conhece por ser – ideia baseada nas noções de família, território, língua. Enfim, problematizar o batismo, muitas vezes opressor, da cultura do homem não-animal que acha que o mundo expresso pela consciência racional é o único possível[2].

 

[1] AGAMBEM, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios.

[2] Essa ideia é uma impressão mal-acabada de uma leitura rápida de Nietzschie, Humano, Demasiado Humano.


Florescerro

Outra publicação que vem com atraso são as fotos do espetáculo “Florescerro”, que teve apresentação única no último dia 12, na Oficina de Teatro da UEM, integrando a programação da Temporada Universitária. Foi a primeira produção de montagem que assino sozinha. Uma experiência e tanto. Grata ao autor, Gustavo Hermsdorff, pelo convite. Grata aos colegas com quem compartilhei esse parto: Lucas Fiorindo (diretor), André Fabrício (ator), Vinicius Huggy (ator e figurinista), Ana Paula Siste (cenógrafa), Ana Brás Furlan (costureira rápida e maravilhosa). Por falta de um, tivemos dois fotógrafos incríveis registrando esse momento: Renato Domingos e Rafael Saes. Postarei por partes, começando pelo Renato, que é o fotógrafo “oficial” do evento.

Gratidão.

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Grupo maringaense vai à África

A vantagem de ter um blog é que a gente tem uma certa liberdade com o ritmo das postagens. Acabei ficando muito tempo sem aparecer por aqui devido a compromissos profissionais, seguido de uma posterior viagem a São Paulo e da comemoração natalina. Hoje retorno com novidades, postando um material que foi enviado pelo Alexandre Penha no dia 10 de dezembro e que já devia ter sido publicado …   ele conta de uma viagem incrível que fez em companhia de seu grupo, o Expressão de Amor. Então vamos lá…


 

Entre os dias 18 e 27 de novembro de 2014 o grupo de teatro maringaense Expressão de Amor viveu uma experiência singular de intercâmbio: os artistas Alexandre Penha, Hudson Zanoni, Renata França e Weglison Cavalaro visitaram o país africano Burkina Faso e depois ficaram dois dias na Europa, retornando a Maringá apenas no dia 30/11.

“Ficamos instalados na capital Ouagadougou, mas durante esse tempo visitamos cidades do norte e leste do país. Foram aproximadamente 2 mil quilômetros percorridos. A viagem foi patrocinada com a ajuda de amigos, igrejas, empresários e anônimos”, conta Alexandre.

O país africano onde o grupo desembarcou é classificado entre os 10 mais podres pela ONU, tem a maior taxa de analfabetismos do mundo com quase 76% da população, a expectativa de vida é de 55 anos, 85% da população tem até 26 anos, o francês é língua oficial, herança da colonização do século XIX, porem com mais de 74 dialetos tribais que são mais comuns que a língua nacional.

burkina

Weglison, Hudson, Renata e Alexandre. Foto: arquivo pessoal.

 

O grupo percorreu vilarejos tribais apresentando a peça “Brincando de Circo” e interagindo com a população por meio da linguagem do palhaço. “Estivemos acompanhando a Missão Desafio e Missão Integral para promoção da Infância, uma organização religiosa que já há sete anos trabalha no país de Burkina Faso promovendo, principalmente, educação para as crianças e melhoria da qualidade de vida com saneamento, alimentação e abertura de poços artesianos”, diz.

As apresentações ocorreram em espaços abertos, sem nenhuma estrutura de som, palco e luz. Apenas no vilarejo de Gayeri foi improvisada uma estrutura de palco e o espetáculo teve um público aproximado de 1.200 pessoas. Quanto à língua, havia a necessidade de duas traduções simultâneas: do português para o francês e do francês para o dialeto de cada vila.

“Para ir em alguns vilarejos tivemos que percorrer partes do deserto com escolta do exército de Burkina Faso, pois havia perigo de piratas do deserto”, lembra. Apesar dessas dificuldades “técnicas”, sem dúvida a experiência foi enriquecedora. “A visão sobre a África, depois da viagem, foi a certeza da força do povo africano, extremamente hospitaleiro, simpático e auxiliador. Realmente observa-se a pobreza, falta de água e diversos outros problemas causados pelas trágicas colonizações europeias. Atualmente a corrupção, disputas pelo poder e a falta de uma economia estruturada castigam o país. O que trazemos na bagagem são muitas histórias de encontros em seres humanos, que perpassam a cultura e a distância, alcançando a essência que é relacionar-se com o outro apenas com o desejo de conhecer o outro”.

Alexandre selecionou uma história, dentre tantas vividas, para contar com exclusividade à Toca da Coelho.

“Aconteceu no vilarejo da Nassumbu. O palhaço Cajuíno Castanho quis trocar seu chapéu com o líder da tribo. Eles começaram a negociar pelos gestos, já que não falam a mesma língua. Nessa relação trocaram chapéus, pentes, bolinha de sabão e, no final, o líder quis dar seu único chinelo para o palhaço, que recusou alegando que não queria ver o novo amigo com os pés descalços no deserto.

A apresentação que foi feita na praça central da pequena cidade de Gayeri teve um detalhe cultural fantástico. Uma das cenas da peça é quando o palhaço joga malabares com os sabres (ou facões) e esse momento foi impressionante pela reação do público que aplaudia e vibrava com a maestria do palhaço Adalberto Pé de Chinelo. Depois viemos a descobrir que naquele local eles fabricam facões e jamais podiam esperar tamanha habilidade com os instrumentos tão perigosos”. 

O grupo publicou um vídeo com imagens da experiência. Vale a pena dar uma conferida neste link.


Noite de estreias nesta sexta

florescerro3Esta semana vou compartilhar com alguns amigos uma noite de estreias no teatro maringaense. Pela primeira vez um texto do Núcleo de Dramaturgia do SESI de Maringá será levado ao palco. O autor, Gustavo Hermsdorff, estreia como dramaturgo encenado. Ele idealizou esse projeto de montagem e convidou os companheiros de Núcleo para darem vida a ele: Lucas Fiorindo em sua primeira direção; Vinicius Huggy, em dupla estreia (como ator e figurinista) e André Fabrício, que embora faça teatro desde o fim dos anos 90, monta seu primeiro espetáculo totalmente maringaense. Ana Paula Siste assina o cenário e eu pela primeira vez assino a produção de um espetáculo que vi ser construído!!! Juntos formamos o grupo Ajna e temos trabalhado muito para que tudo dê certo.

“Florescerro” terá apresentação única na Oficina de Teatro da UEM na próxima sexta-feira, dia 12, às 20h30. A entrada é gratuita e o evento integra a programação da Temporada Universitária. Agradecemos a Pedro Ochoa pelo convite! Venham prestigiar, mas cheguem cedo porque o teatro é pequeno!


caquinhas

A Secretaria de Cultura e o Sesi promovem nesta sexta-feira (5) a apresentação do Grupo de Teatro Schubert com a peça “Tons de Casquinhas”, no Teatro Barracão, às 20h30. A entrada é gratuita e os convites devem ser retirados 30 minutos antes do início do espetáculo.

“Tons de Casquinha” é marcado por mímica e teatro físico relembrando as grandes apresentações do teatro mudo. A música ao vivo das cenas são tons musicais que acompanham as situações do cotidiano. O Grupo de Teatro Schubert atua com o teatro amador, monólogos e esquetes, em Umuarama e região desde 2011.

O espetáculo é resultado da parceria entre a Secretaria de Cultura (projeto Convite ao Teatro) e o Sistema Fiep (projeto Sesi Cultura). Entre os objetivos da iniciativa estão o de formar plateia e valorizar e promover o trabalho de artistas de Maringá e região.


‘Yerma’ na Temporada

A estreia do espetáculo “Yerma”, que teria sido no dia 2/12, foi adiada por um motivo trágico: o pai de uma das atrizes faleceu naquela tarde. Apesar da notícia recente ainda ecoar no elenco, eles decidiram confirmar a estreia do espetáculo para esta quinta, dia 4, às 20h30 na Oficina de Teatro da UEM. A entrada é franca e o evento integra a programação da Temporada Universitária.

O texto de Federico Garcia Lorca foi estudado junto a várias outras obras do autor, em um curso ministrado por Elison Pereira, que também assina a direção. Dentre todas as obras do autor, esta foi a escolhida em comum acordo pelos alunos para ser levada ao palco. Nesta apresentação foi necessário reformular as participações para suprir a ausência da atriz que está em luto.

Escrita em 1934, caracteriza-se como uma obra popular de caráter trágico, ambientada na Andaluzia do início do século 20. Yerma é uma mulher que vive o drama de não poder conceber um filho. Busca de todas as formas engravidar e enfrenta a indiferença do marido, Juan, que não compartilha da sua angústia. O embate entre os dois é conduzido a um desfecho surpreendente.

yerma


Sai lista de indicados ao Gralha Azul

Foi divulgada na última sexta-feira (28/11) a lista de indicados à 35ª edição do Troféu Gralha Azul, considerada a maior premiação do teatro paranaense. Veja a relação completa em reportagem da Gazeta do Povo. A cerimônia de entrega do prêmio é no próximo dia 16, no Guairinha.

Já me manifestei inúmeras vezes contra o que os organizadores deste prêmio consideram “paranaense”. Como cidadã nascida e criada no Paraná, não me sinto representada. A Secretaria de Estado da Cultura e o Sated acreditam que apenas espetáculos que fizeram um número mínimo de apresentações em Curitiba tem o direito de concorrer ao prêmio. Entretanto, para cumprir essa exigência não há nenhum tipo de apoio financeiro. Ora, todos sabemos que circular com um espetáculo não é nada fácil: há despesas com transporte, hospedagem, alimentação, traslado, locação de teatro e, em alguns casos, de equipamentos, material de divulgação, assessoria de imprensa, camarim e ainda assim há o risco de não ser assistido pela comissão. Há a dificuldade de não conseguir pauta, pois sabemos que mesmo os artistas e produtores de Curitiba encontram essa dificuldade. Enfim.

Existem inúmeras soluções para resolver esse problema: bastaria criar seletivas em várias regiões do Estado, que contemplassem, no mínimo, as maiores cidades do Estado, como Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel. Poderiam, também, criar uma comissão itinerante, pois os custos são mais baixos do que circular uma produção inteira. Poderiam, ainda, criar subcomissões no interior do Estado, pois é exigência do edital que a comissão também resida em Curitiba. Na pior das hipóteses, eles poderiam ao menos deixar de divulgar o prêmio como sendo “paranaense” e dar a ele uma nomenclatura que seria mais honesta e verdadeira: a de prêmio curitibano.

Acredito que o Troféu Gralha Azul nega a existência de um teatro feito no interior do Estado e, assim, desrespeita a todos os artistas daqui que tanto batalham para continuar fazendo teatro. O prêmio tem seus méritos, conheço muitas pessoas talentosas que já tiveram o reconhecimento deste prêmio e isso é muito importante na carreira de qualquer artista. É por isso mesmo que reivindico uma mudança nas regras deste prêmio, de modo que possa, enfim, beneficiar uma quantidade maior de profissionais das artes cênicas.