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O último xetá? nas bibliotecas

Essa semana realizamos seis apresentações do espetáculo “O último xetá?” nas bibliotecas públicas municipais comemorando a Semana do Índio, evento realizado pela Secretaria Municipal de Cultura. O espetáculo de contação de histórias é uma homenagem às três principais etnias que habitavam as terras da região noroeste do Paraná: xetá, guarani e kaingang. Idealizado pela atriz Marcia Costa, a montagem estreou o ano passado nas bibliotecas e depois foi reformulada com a entrada do músico Rafael Morais dividindo a cena e eu na produção.

Estreamos novo cenário e figurino e vivemos uma experiência cansativa, porém deliciosa. Pela primeira vez fomos assistidos por um grupo de indígenas, kaingangs levados pela Associação Indigenista de Maringá (Assindi). A maior parte do público que tivemos foram estudantes agendados pelas bibliotecas. Conhecemos o CEU das Artes, novo espaço cultural de Maringá, localizado no distrito de Iguatemi e que é um encanto.

Enfim. Só uma palavra a dizer: gratidão!

Em breve publicarei algumas fotos do Renato Domingos, que registrou uma das apresentações. Por enquanto ficam as minhas fotos mesmo, mas faltou registros das bibliotecas do Parque das Palmeiras e da Casa da Cultura do Jardim Alvorada.

No próximo dia 26 de abril, um domingo, o espetáculo será apresentado no projeto Piquenique da Leitura.

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Biblioteca Bento Munhoz da Rocha Netto (Centro)

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CEU das Artes, no distrito de Iguatemi.

Marcia Costa, Rafael Morais e os kaingang.

Marcia Costa, Rafael Morais e os kaingang.

Biblioteca Professora Tomires Moreira de Carvalho (Mandacaru)

Biblioteca Professora Tomires Moreira de Carvalho (Mandacaru)

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Biblioteca Operária


Maringá em cena

"Até o momento não sabemos, quem sabe depois", da maringaense Luana Navarro e Luciano Fachini. Foto: Ester Gehlen.

Luana Navarro em “Até o momento não sabemos, quem sabe depois”, com Luciano Faccini. Foto: Ester Gehlen.

Nathan Gualda em "Bita e os animais". Foto:  Lina Sumizono.

Nathan Diego Milléo Gualda em “Bita e os animais”. Foto: Lina Sumizono.

Flávio Magalhães em cena de "Encruzilhada". Foto: Lina Sumizono.

Flávio Magalhães em cena de “Encruzilhada”. Foto: Lina Sumizono.

Alexandra Delgado em "Encruzilhada". Foto: Lina Sumizono.

Alexandra Delgado em “Encruzilhada”. Foto: Lina Sumizono.

Adriano Braga, da Cia Pedras, em "Corda Bamba". Foto: Nilton Russo.

Adriano Braga, da Cia Pedras, em “Corda Bamba”. Foto: Nilton Russo.

Iara Ribeiro, da Cia Pedras, em "Corda Bamba". Foto: Nilton Russo.

Iara Ribeiro, da Cia Pedras, em “Corda Bamba”. Foto: Nilton Russo.

Gislaine Pagotto em "Panema em quatro estados". Foto: Mariama Lopes.

Gislaine Pagotto em “Panema em quatro estados”. Foto: Mariama Lopes.


Gislaine Pagotto mostra “Panema” no Festival

Nesta sexta-feira a maringaense Gislaine Pagotto estreia no Festival de Curitiba, participando da segunda edição da Mostra Sonora Cena. Ela apresenta “Panema em quatro estados”, que consiste na exibição de vídeos e na realização de uma performance na Capela Santa Maria.

II Mostra Sonora Cena terá presença de maringaenses

II Mostra Sonora Cena terá presença de maringaenses

Bacharel em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap/2011) e especialista em História da Arte Moderna e Contemporânea pela Universidade Estadual do Paraná – Câmpus Embap, Gislaine vai mostrar a pesquisa que vem desenvolvendo desde o final de 2013, quando foi selecionada para uma residência de dez dias em Iperó / SP.

“Comecei a trabalhar com vídeo em 2011. Junto com isso, vim pensando também em tudo o que há por trás dos vídeos: o corpo, os gestos possíveis, extrapolando a questão do gesto literal, mas pensando no gesto enquanto uma ação/intenção e levando em consideração o contexto da época. No final de 2013 fui aprovada num edital de residência em Iperó/SP. Lá mesmo, nessa época, surgiu Panema, muito por conta do lugar em que eu estava inserida: Floresta Nacional de Ipanema. Ipanema vem do nome Panema e Panema significa algo infértil, a terra que não produz, o rio que não dá peixes, a árvore que não dá frutos”, explica.

"Panema treinando"

“Panema treinando”

Panema é um corpo construído a partir de um treinamento em que a artista experimentou andar com as mãos apoiadas no chão, a exemplo de como andam os macacos. Mas Panema também não é um bicho, embora conecte-se com a natureza e não seja um corpo vestido.

O amplo espaço para experimentação, o desejo de correr sem ter um ponto de chegada e a descoberta do próprio corpo e de um determinado estado físico foram importantes para o processo de pesquisa, além de questões místicas que a artista comenta: “Vinha muito de uma memória que eu resgatei de um sonho que eu tive repetidamente em que eu corria desse jeito para correr rápido, provavelmente para fugir de alguma coisa, de alguém. Era sempre no mesmo carreador lá do sítio onde eu morava. Depois que eu comecei a desenvolver esse trabalho eu não sonhei mais”, diz.

O primeiro vídeo de uma série que segue sendo feita é “Panema treinando”. É o início do processo, a descoberta do corpo e de qual a maneira mais adequada de conduzi-lo no espaço. “Percebi algo que foi muito importante: a necessidade de adaptação do instrumento de trabalho para desenvolver determinada proposição. Então, antes de começar a correr, eu precisava primeiro aprender a andar e ter um domínio da caminhada para depois ir pegando mais velocidade. E foi isso que eu fiz: comecei a treinar todos os dias uma posição que eu pudesse fazer repetidas vezes”.

"Panema em direção ao norte"

“Panema em direção ao norte”

Além desse, há “Panema em direção ao norte”, também gravado durante a residência artística em Iperó; “Panema conhece Shoyu, o cachorro”, gravado em Maringá e outros dois vídeos gravados em Marialva e Mandaguari, mas que foram perdidos junto com um computador que pifou. Os vídeos são independentes, porém criam relações de similitudes entre si.

"Panema conhece Shoyu, o cachorro"

“Panema conhece Shoyu, o cachorro”

A performance que será apresentada no festival está sendo chamada de “Panema na Capela Santa Maria em noite de Sexta-feira Santa” e também deverá ser filmado para dar continuidade à série.

Serviço:

“Panema em quatro estados”, de Gislaine Pagotto.

Dia 3/4 a partir de 19h na Capela Santa Maria (Rua Conselheiro Laurindo, 273).

Entrada franca.


Flávio Magalhães se apresenta em Curitiba

É uma alegria chegar ao Festival de Curitiba e descobrir maringaenses na programação. Ainda que estejam defendendo a cidade de Curitiba, onde residem atualmente, são artistas que tiveram seu nascimento artístico em Maringá. Flávio Magalhães é um deles. Em seu segundo ano morando na capital paranaense, onde veio cursar a Licenciatura em Artes Cênicas da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), pela primeira vez se apresenta no Festival de Curitiba, junto ao Grupo de Pesquisa e Experimentação em Arte e Cultura da Unespar. O espetáculo “Encruzilhada” terá três apresentações nos dias 3, 4 e 5, sempre às 17h, no Espaço Cultural FALEC (Rua Mateus Leme, nº 990).

"Encruzilhada". Foto: Stênio Soares.

“Encruzilhada”. Foto: Stênio Soares.

“O ‘Encruzilhada’ é o maior desafio da minha vida. A grande felicidade. Começou com uma pergunta no segundo dia de aula do professor Stênio. Ele falou assim: “Flávio, porque você não para de dançar a dança que os outros te sugerem e não dança o que te satisfaz. Porque você não dança a tua despedida de Maringá?”. E isso me moveu pra muitos estudos. Eu disse que não havia bibliografia para me aprofundar nisso, e ele (o professor) vai toda semana pra USP por conta do doutorado e trouxe de lá uma bibliografia. Isso fez com que eu criasse um ciclo de processos que eu considerava interessantes, que partiram de improvisações minhas, em que eu via essa despedida de trabalhos, dos meus pais, de uma cidade, de amigos. E como que isso me motivava poeticamente”, explica Magalhães.

O primeiro processo foi chamado de “Bouleversement” e foi apresentado na Mostra de Teatro Contemporâneo de Maringá no ano passado. “Este nome significa encontro, desencontro, estar aberto pro novo, não se fechar em algo velho, recomeço. Tem essa série de significados que, num segundo momento, eu percebi que estava muito elitizado e não transmitia o que eu queria passar com o meu corpo. Como que eu vou caracterizar esse momento de encontro e desencontro? Daí veio Encruzilhada, que seria essa questão de caminhos e pessoas que se cruzam”, conta.

"Bouleversement" na Mostra de Teatro Contemporâneo. Foto: Rafael Saes

“Bouleversement” na Mostra de Teatro Contemporâneo. Foto: Rafael Saes

“Bouleversement” e “Encruzilhada” falam dos mesmos conflitos, porém com uma nova proposta poética. O processo que começou com Flávio e a bailarina maringaense Alexandra Delgado, incorporou na equipe o músico Aquiles Zin e a performer Elisa Pratavieira. Stênio Soares assina a direção e Carol Scabora é responsável pela produção.

“A encenação está ligada à ocupação de espaços, então nunca se limita ou morre na forma. Existe a dramaturgia que é trabalhada coletivamente, mas quem for assistir uma apresentação e for assistir de novo nunca verá a mesma coisa. Nossa responsabilidade é contribuir para que o espectador tenha uma experiência sensível com outra atmosfera, experimentando outros tempos”, diz.

Foto de divulgação de "Encruzilhada"

Foto de divulgação de “Encruzilhada”

Para se apresentar no Festival em um espaço novo (uma galeria de arte), o espetáculo foi reconstruído. “As formas poéticas que temos, a gente amassa e guarda para que estejam disponíveis para futuras construções. E elas são únicas. Trabalhamos as intimidades de cada um”, diz.

Serviço: “Encruzilhada”. Dias 3, 4 e 5 de abril, às 17h, no Espaço Cultural FALEC (Rua Mateus Leme, nº 990).

Ingressos a R$ 20. Duração: 60 minutos. Classificação: 18 anos.


Entrevista: Hugo Bonemer

Depois de alguns anos, consegui realizar uma nova entrevista com o ator maringaense Hugo Bonemer, atualmente no ar como o fotógrafo Nicolas na novela Alto Astral, horário das 19h da Rede Globo.

Na primeira vez em que nos falamos, em 2008, eu trabalhava no O Diário e fiz a entrevista por telefone. Hugo ainda não tinha feito nenhum papel de destaque na televisão, atuando no teatro em trabalhos mais alternativos. Agora, em 2015, ele alçou voos não só no teatro (musicais de grande repercussão, como “Hair” e “Rock in Rio”), mas também na televisão, a exemplo da temporada 2013 de Malhação em que o ator roubou a cena do casal protagonista.

Mesmo com a fama repentina que todo galã conquista nesse País, tirou uns minutinhos da sua rotina de gravações para conceder uma entrevista por e-mail, intermediada por sua assessoria de imprensa.

Hugo Bonemer e a mãe, Marcia Angeli.

Hugo Bonemer e a mãe, a coreógrafa Marcia Angeli.

O canceriano Hugo Bonemer é filho da coreógrafa Marcia Angeli e do empresário Christian Bonemer, que mantém uma academia de dança na cidade. Foi aqui que começou a fazer teatro ainda criança, aos seis anos de idade. Mudou-se para São Paulo aos 19, conciliando a carreira no Comércio Exterior e o amor ao teatro.

Seu primeiro espetáculo em palcos paulistanos foi “As mulheres de Shakespeare”. Depois veio “Cardiff” (ambas em 2008), projeto de pesquisa cênica bem interessante proposto pela Cia. Triptal, de André Garolli. O primeiro musical foi “Bark – Um latido musical”, do diretor José Possi Neto (2009), onde foi substituto coringa do elenco masculino (se apresentou apenas três vezes ao longo dos cinco meses de temporada).

Protagonizou dois curta-metragens antes de estrear, em 2014, em Confissões de Adolescente, longa-metragem de Daniel Filho.  Fez, também, participações especiais em quadros e seriados de comédia na TV Globo (“A Mulher da sua vida”, no Fantástico); no Multishow (“220 Volts”) e no GNT (“Os Homens são de marte… e é pra lá que eu vou” e “As Canalhas”).

Em 2012 estreou na televisão, na série Preamar, do canal por assinatura HBO. A série teve direção geral de Estevão Ciavatta e episódios dirigidos também por Marcus Baldini, Mini Kerti, Anna Muylaert, Marcia Faria e Lao de Andrade. Foi exibida em 42 países. No ano seguinte fez Malhação e a partir daí … uma virada.

Abaixo as perguntas/respostas:

Em 2008, ano de sua estreia no teatro paulistano, fiz uma entrevista com você para o jornal O Diário. Naquela época, você contou que começou a fazer teatro em Maringá aos seis anos de idade. Até onde seus pais te influenciaram a escolher a profissão de ator?

Ter uma mãe artista me fez sentir influenciado de uma forma natural. Meus pais desejavam para mim uma profissão mais estável, mas nunca se opuseram à minha escolha e sempre me apoiaram.

Uma das poucas fotos encontradas que mostram a experiência teatral de Bonemer na infância.

Uma das poucas fotos encontradas que mostram a experiência teatral de Bonemer na infância.

Quase todos os espetáculos que você montou em Maringá eram infantis (O Mágico de Oz, O Quebra-Nozes, Bela Adormecida, Cinderella, A Bela e a Fera, A Megera Domada, Sítio do Pica-pau Amarelo). Como foi essa experiência de fazer teatro para crianças?

É uma experiência curiosa, pois mais que entender o universo da criança, a pesquisa está em entender a cabeça dos pais. As peças trazem mensagens éticas que servem para os dois públicos.

Naquela entrevista de 2008, você contou que saiu da cidade para estudar comércio exterior e que gostaria de conciliar o meio corporativo com a arte. Como a arte entrou definitivamente na sua vida?

Quando não pude mais estar em dois lugares ao mesmo tempo e quando, financeiramente, passou a fazer sentido trabalhar apenas como ator. Antes disso tentei conciliar a vida corporativa com a arte.

"Cardiff". Cia Triptal, direção de André Barolli.

“Cardiff”. Cia Triptal, direção de André Garolli.

Igor Rickli e Hugo Bonemer em "Hair". Foto: Guga Melgar

Igor Rickli e Hugo Bonemer em “Hair”. Foto: Guga Melgar

Conta um pouquinho das suas experiências em teatro na capital paulista: “As Mulheres de Shakespeare”, “Cardiff”, “O Noviço”, os musicais “Bark – Um Latido Musical”, “Hair”, “Rock in Rio” e “A História dos Amantes”. Quais foram os seus grandes desafios? O que mais te marcou nessa carreira?

Trabalhar com Cardiff (2008) e Hair (2010) foram as experiências mais intensas, de maior aprendizado em pouco tempo. O que mais me marca nos trabalhos é o que preciso superar para atingir os objetivos. Muitas dores musculares, horas e horas de leitura teórica, estar no personagem mesmo com outros assuntos na cabeça, não ter residência fixa… Superar dificuldades é o que existe de mais gostoso.

[Para viver o protagonista de Hair, dirigido por Charles Moeller, Bonemer fez teste e foi aprovado entre cinco mil candidatos inscritos].

"Rock in Rio"

“Rock in Rio – O musical “. Direção de João Fonseca.

Você costuma assistir espetáculos de teatro? Quais foram suas experiências mais marcantes como espectador?

Recentemente me marcou o suspense “the curious incident of the dog in the night-time”, a comédia “39 degraus” e o drama “uma vida boa”.

A televisão já era sua meta. Não demorou muito para você chegar lá. E agora, como fica o teatro? Você pretende voltar aos palcos ou vai priorizar a TV?

Nunca pensei em diferenciar onde trabalharia, sempre quis trabalhar na TV com a mesma vontade e intensidade que quis trabalhar no cinema e no teatro e vou continuar transitando! Quanto ao tempo que levou para chegar na TV, pouca gente sabe, mas meu primeiro teste para Malhação foi aos seis anos de idade. Vinte anos depois eu fiz.

"A história dos amantes"

“A história dos amantes”, com Daniel Rocha, Hugo Bonemer e Bruno Gissoni. Direção de Marcelo Serrado.

Qual é a importância do teatro na sua vida?

É o mesmo que perguntar a um pintor qual a importância de um quadro, ou ao corredor a importância de uma pista. É onde eu sou e cumpro aquilo que eu nasci para ser e fazer.

Quais são seus vínculos artísticos com a cidade de Maringá?

A academia de danças da minha mãe, Marcia Angeli, continua sendo meu maior vínculo artístico com Maringá. Todos os anos participo da realização dos espetáculos da escola.

Observação: fui orientada pela assessoria de imprensa do ator a retirar as fotografias da internet, de sites como o Wikipédia. Sendo assim, não consegui levantar os créditos de todos os fotógrafos. Caso seja necessário, pode ser retirada alguma imagem dessa postagem.


1 ano da Toca da Coelho!

Hoje a Toca da Coelho completa um ano!

Parece que foi ontem que o jornalista Gustavo Hermsdorff me acionava via Facebook para me convidar a criar um blog sobre teatro que seria hospedado também no site do jornal O Duque. Eu estava em Curitiba passando uma temporada por motivos de trabalho. Aceitei, com alguns receios. Eu, que nunca tinha mexido no wordpress e sou meio ignorante com tecnologia, fui aprendendo mais ou menos a mexer no layout.

O objetivo principal deste blog é contar histórias sobre o teatro maringaense, lembrar suas memórias, mais do que servir de agenda de eventos. Não há uma periodicidade fixa nas postagens, mas durante esse ano consegui publicar muita coisa. Dê uma olhada na seção “Santo de casa” para descobrir quantos maringaenses (ou pessoas que começaram a fazer teatro aqui) que hoje estão brilhando em outras cidades. Acho que foi o que fiz de mais legal durante este ano: descobrir essas pessoas! Sim, porque todos os textos foram lindas descobertas. Histórias deliciosas, relatos emocionantes, trabalhos que me encheram de orgulho de ser maringaense.

Quero fazer muito mais, descobrir outras histórias, mas falta tempo para me dedicar a essa investigação. Sempre é difícil conseguir respostas de entrevistas, é preciso ficar cobrando e isso faz com que eu me sinta meio chata e tenha medo de me tornar inconveniente para as pessoas. Quem achar que não e estiver disposto, por favor, entre em contato para me contar a sua história.

No mais, é sempre aquela crise: será que alguém lê? rs.

Bem, mas vamos à postagem de aniversário! Foi uma sugestão da minha amiga atriz Marcia Costa. A ideia foi pedir aos artistas que estão atuando em Maringá para recordarem seus primeiros trabalhos por aqui, mandando foto e um breve relato. O resultado está abaixo. A ordem das histórias foi de acordo com o recebimento dos arquivos.

Agradeço muito a todos que tiraram um tempinho para preparar isso. Fiquei feliz em ler e tudo isso deu um pouquinho de saudade.

E que o teatro nos una, sempre!

Foto: Arquivo pessoal de Flavio Amado

Espetáculo “Canal zero”. Foto: Arquivo pessoal de Flavio Amado

Depoimento de Flavio Amado

“Canal Zero” foi o início de tudo! De um bando de adolescentes espirituosos, travessos, cheios de ousadia e audácia e estralando de vontade de brincar de viver experiências que nem mesmo nós sabíamos ao certo onde iam dar. Mas tínhamos um compromisso com o teatro como sérios diletantes à história que viríamos viver juntos e construir ao longo dos palcos e lugares que trilharíamos. Era divertidíssimo! Cantávamos, fazíamos horas de aquecimento vocal, improvisações e o espetáculo nasceu disso. O Tisley tinha uma maneira muito boa e coletiva, democrática de ensinar. E nos dava um ponto de vista fundamental para o trabalho de grupo. A criação coletiva e a importância do Coletivo. Autonomia criativa. Valeu, Mestre!! Fora isso era carregar cabide, dormir em ginásio, fazer desfile de moda, festivais, encontros e formações. Já começávamos a ler Stanislavski e a pré-criar o TV Pirata. Isso mesmo, muito bem antes deles! A peça era uma sátira da television .. E os últimos capítulos estão cheios de emoção! Hilário! E daí conhecemos todo mundo e vivíamos no espírito de trupe. Canal Zero Ponto Zero de revoluções pessoais, descoberta do Mundo, da arte e do desejo de ser artista, a liberdade de expressão. Nossa, o Filo foi foda na nossa formação. Me lembro das extensões em Maringá. Os russos, os ciganos americanos, os porto riquenhos, os canadenses em meio a Paulo Autran, Mario Schoenberg, Edson Bueno… atravessavam a cidade ao mesmo tempo ! Tinha tudo isso junto com esse bando! E as revoluções continuammmm kkkkkkkkkkkk”

Foto: Arquivo pessoal de Marcia Costa

Espetáculo “Canal zero”. Foto: Arquivo pessoal de Marcia Costa

Depoimento de Marcia Costa:

“O “Canal Zero”, do Grupo Escada, foi a primeira montagem teatral de várias pessoas aqui em Maringá. O Grupo nasceu em uma das oficinas de teatro oferecido pelo Centro de Ação Cultural no ano de 1986 e ministrada pelo diretor Tisley Barbosa. As escadarias do CAC serviam para compartilharmos ideias, estudar texto, ensaiar esquetes antes de apresentar na aula… As escadas já me foram mais íntimas que minha própria casa rsrs E foi por causa dessa nossa convivência assídua nas escadas que deu-se origem ao nome do grupo. A primeira peça do grupo intitulada “Canal Zero” foi resultado de improvisações feitas a partir de nossa observação crítica sobre a televisão aberta brasileira. Nossas percepções eram bastante intuitivas talvez sem muita profundeza teórica, éramos tão jovens, porém éramos sim muito antenados e talentosos. Tivemos um retorno muito positivo do público na época até estrear “TV Pirata” , por mais de uma vez ouvi pessoas dizerem que estávamos copiando o programa. E não era verdade pois além de termos montado “Canal Zero” muito antes do “Tv Pirata” estávamos criticando a forma como a televisão brasileira se estabelecia e não elogiando-a. A foto que o Flavio Amado postou acima é da cena “Baratex não perdoa mata” poderia essa cena nas entrelinhas estar dizendo sobre a tv e seu marketing: Cuidado com meu feitiço tendencioso, porque eu não perdoo, mato!”

Foto: Arquivo pessoal de Laura Chaves

Espetáculo “Em família”. Foto: Arquivo pessoal de Laura Chaves.

Depoimento de Laura Chaves:

“Este foi meu primeiro trabalho como atriz na cidade de Maringá. Cheguei em 1996 e já no ano de 1997 iniciamos este trabalho. Luthero e eu protagonizamos o espetáculo. Texto de Oduvaldo Viana Filho, direção do Pedro Ochoa, produção Luthero de Almeida e Laura Chaves. O grupo se apresentou com a Cia dos Três. O elenco era composto por Joaquim dos Santos, Luciana Alves, Mayra Mugnaini, Sandro Maranho, Elaine, Marcão Trindade. Retratava a história de uma família que, em função dos tempos modernos, já não conseguia tomar conta dos pais idosos. Engraçado que já naquela época já havia uma identificação com o tema da terceira idade. Sempre montei trabalhos onde a questão social é abordada. Tivemos o cenário por conta do Luthero e do Reinaldo e o figurino foi de responsabilidade do Eduardo Montagnari. Foi uma bela produção e com tão poucas apresentações. O marco deste trabalho era a força dele próprio, tanto que tem pessoas que até hoje lembram com saudades daquela montagem. Estreamos no Teatro Calil Haddad, apresentamos no Teatro Barracão, Oficina de Teatro – UEM. Uma concepção realista. Este trabalho deixou saudades.

Mas o meu primeiro trabalho como diretora foi a montagem do texto “Os Cegos”, texto de Michel Ghelderode. Tinha no elenco Marcão Trindade, Sandro Maranho, Mayra Mugnaini e Luciana Alves, figurinos do Sandro. Lembro que esta montagem marcou bastante pela concepção do uso do Teatro Barracão. O personagem do Marcão – o Lamprido, vinha caminhando pelo madeiramento no teto do teatro. Era um espetáculo curtinho, mas com um desenho cênico bem diferente. “Os Cegos” foi montado em 1998 e ficamos com o espetáculo até 2001.

Espetáculo "Os cegos". Foto: Arquivo pessoal de Laura Chaves.

Espetáculo “Os cegos”. Foto: Arquivo pessoal de Laura Chaves.

Depoimento de Ricardo Leandro

“O meu primeiro trabalho foi “E Agora Drummond?” com o grupo Quilombo e a poesia de Carlos Drummond de Andrade. Eu tinha acabado de chegar de São Paulo e era aluno do Newdemar de Souza no CAC. Eu já tinha assistido a peça no Sesc e fiquei impressionado com a interpretação dos atores. Era muita precisão, não tinha buraco, uma cena amarrava a outra, fiquei impressionado de encontrar uma peça assim fora do circuito Rio/São Paulo. Um dia no CAC, o Dema me chamou para fazer uma esquete nesta peça e por fim ganhei a poesia ” A Flor e a Náusea”. Quem fazia essa poesia era o Jaime Stabile, ex- esposo da Iara Ribeiro. Foi muito bacana porque não era declamação de poesia, era interpretar, entender o que Drummond dizia. É claro que eu fazia tudo intuitivamente. Eu comecei então a ler todos os poemas do Drummond. Como sempre fui apaixonado por teatro, eu li Drummond de cabo a rabo. Eu não tinha, como muitos da época, uma formação acadêmica, mas tinha uma coisa, como diz Antunes Filho, o talento e vocação. Mas nas discussões intelectuais eu era péssimo, não tinha esse exercício de ler, entender e argumentar. Mas quando eu ia para o palco, ali era o meu entendimento. Fizemos várias apresentações de Drummond em Maringá, porque nesta época nosso circuito era Maringá/Maringá, não existia as possibilidades de circulação de grupos como hoje, era muito local, tudo ali. Às vezes apresentávamos em outras cidades vizinhas, como foi o caso de Campo Mourão, mas não era sempre. A gente vendia os ingressos para os amigos. O Drummond, posso dizer hoje, que é o maior poeta que temos. Ele é político, ousado, apaixonante e tem uma maneira de escrever muito especial. Um poeta da estilística da repetição. Eu li este livro para entender Drummond,  “Estilística da Repetição”. Não me lembro o autor. Isso era o E Agora Drummond? Um espetáculo que questionava a condição do homem, o que fazer na hora do aperto, da injustiça, “E Agora Drummond? E Agora José? E Agora Você? E Agora Rachel?. Isso sem falar do processo de ensaios. O Dema era exigente com o Quilombo neste período, ele se preocupava muito com a qualidade do trabalho dos atores, era uma maravilha! E eu ficava encantado. Eu tinha chegado de processos em Santo André com a Miriam Volpolino, que trabalhou com o Cacá Carvalho. Mas ainda eu era muito cru, mas talentoso, vocacional, persistente. E o cartaz era feito de cartolina, acredita? O Dema fazia a tela da serigrafia e a gente comprava cartolina, fazia vaquinha e daí saíam os cartazes. Eu adorava andar na cidade e ver meu nome nas cartolinas (cartaz). Essa Secretaria de Cultura era uma merda, não tinha projetos de nada, era muito amador esses gestores. Mas o CAC existia, e dava vida. Acho que isso foi a coisa boa. A Rô Fagundes também dava aula no CAC. Mas confesso: aqui a gente era uma geração de teatro, de palco, gente que amava o que fazia, sem ego, sem estrelismo, sem essa coisa de pensar em tv. Ali a gente pensava no nosso trabalho, no nosso grupo. Era um grande prazer! Um beijão a Jaime Stábile, Gerson Barros (que virou transsexual), Paulo Goto, Iara Ribeiro e ao Newdemar Souza”.

Reportagem sobre espetáculo "E agora Drummond?". Foto: Arquivo pessoal de Ricardo Leandro.

Reportagem sobre espetáculo “E agora Drummond?”. Foto: Arquivo pessoal de Ricardo Leandro.

Depoimento de Iara Ribeiro

“Embora já fizesse teatro desde os sete anos e já realizasse trabalhos e pesquisas artísticas desde 1986, foi em 1992 que procurei um grupo que viesse ao encontro da continuação do meu pensamento artístico. Alguns com formatos elitistas foram logo descartados pela então adolescente, até que um colega me falou sobre a proposta de Newdemar de Souza, da Cia Quilombo. A proposta não era “ovacionar egos” e nem “competir”, mas sim falar sobre a poesia da arte e como a arte poderia ser transformadora. Um verso de um poema do Grupo: “Quilombo de luta contra os fios da puta”, foi uma resposta imediata. Eu queria participar de um grupo de teatro que tivesse uma história de luta, de pensamento revolucionário, que falasse de alguma forma contra o capitalismo, o estrelismo na Arte, os descasos e encontrei neste grupo um acalento. Newdemar de Souza nos incitava à leitura e ao conhecimento teórico, nomeando e comentando grandes nomes do Teatro e as oficinas eram intensas e me tornavam dona de minha escuta corporal, livre para a criação. Não havia recursos financeiros para figurinos ou cenários, porém nunca achei e não acho até hoje que o “poder” de um espetáculo estão nos cenários, maquiagens ou figurinos, que às vezes só enfeitam a cena para esconder uma interpretação fria ou um texto vazio. Enfim, após várias oficinas, chegou o momento de montar o espetáculo. Tive a sorte de participar de um espetáculo que era uma coletânea de poemas do grande velhinho de Itabira: Carlos Drummond de Andrade. As poesias dele são ímpares e singelas, fortes, apaixonantes e aventurar-se criando uma dramaturgia corporal que pudesse contar a história de cada poema era muito instigante. Uma turma mais velha do Quilombo já estava com este espetáculo pronto e eu assistia todos os ensaios, mentalizava todos os poemas e torcia para ser chamada, até que chegou a minha hora, a hora de subir no palco com o Quilombo pela primeira vez. Dizer o que senti? Não sei explicar como foi a sensação dos meus pés tocando o chão de madeira do Teatro, sentir o cheiro do teatro, a luz que me cegava e não deixava eu ver os olhos do público,  a ansiedade e a paixão dilacerante, misturada com uma pitada de nostalgia, difícil dizer, mas tão amável relembrar. Mais   acredito que a resposta é única pra mim:  porque o espaço da arte é mágico, devastador, revelador e singularmente humano. Viva, assim que me senti: viva! 

Apresentamos este espetáculo várias vezes, sempre com um público misto: os que se identificavam com poesias aplaudiam em pé e os que queriam apenas teatro com “texto”, atores ditos “famosos” ou outros estilos, saíam com uma certa pretensão nos olhos, mas os caminhos são inúmeros e cabe a cada qual escolher o seu.  Os ensaios eram feitos no antigo Salão da UNE,  no CAC, na Rua… eram momentos que aconteciam de verdade, por isso nunca devem ser esquecidos.

Alguns colegas que infelizmente não vejo mais estiveram comigo em cena não só neste espetáculo como em outros: Jaime Stábile, Wesley Delconti, Dionéia, Sheila, Gerson, Ricardo Leandro, Adriano de Souza, Maurício Peggo, Alessandra Marinho, José Ferreira e a figura argumentativa, inteligentíssima e muito peculiar que é Newdemar de Souza. Minha gratidão imensa pela sua colaboração na minha formação, longe dos estereótipos acadêmicos e das “bibelagens” que queriam e ainda querem impregnar na Arte.

Resistência. Essa é a fonte da Cia em que participo hoje. E que humanamente possamos ser fortes, vivos e revolucionários”.

pau de fita

Espetáculo “Pau de Fita”. Foto: Arquivo pessoal de Sueli Lara

Depoimento de Sueli Lara

“O nosso primeiro trabalho em Maringá foi no ano de 1976 com a montagem “Pau de Fita”, com o Grupo Pau de Fita. Foi o ano de fundação do grupo. O espetáculo foi uma adaptação do Leonil do texto do Marcial Temporal e André Chalés Jefe para o boneco, com direção dele também. Na época o grupo era composto pela família e o nosso objetivo era Boneco/Mamulengo, que continua sendo.

Direção: Leonil Lara

Elenco: Sueli A. de Souza, Sansão Lara, Sonia Lara, Jose Ari de Souza, Leonil Lara.


Me formei. E agora????

O blog conversou com alguns jovens que acabaram de se formar na primeira turma da Licenciatura em Artes Cênicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) para saber o que eles esperam do futuro. Veja a resposta deles:

Julio Rebello

Agora é trabalhar, correr atrás de dar aulas e pensar em entrar no mestrado na área no ano que vem. Esse ano pretendo ficar aqui com o Grupo Meu Clown, trabalhando bastante.

André Anelli

Acho que meu desafio agora é implantar com responsabilidade o teatro na escola. Acabei de ser chamado pra atuar no Estado e até então o teatro na escola é visto apenas como um adereço. Quero dar a dignidade que o teatro merece também na escola.  Em relação à minha vida artística, quero continuar atuando , produzindo e retomando projetos. Acho que agora a regra é continuar.

João Marchi

No meu caso eu continuo estudando, passei no mestrado pelo programa PPE de educação da UEM. Além disso, continuo com meu grupo profissional de teatro (Meu Clown) e há a possibilidade de eu pegar algumas aulas num colégio aqui de Maringá, mas nada certo ainda.

Leandro Romão

Nossa, essa pergunta acaba sendo difícil pelo fato de eu querer fazer muitas coisas! Depois de me formar em Artes Cênicas eu tenho vontade de tentar diversos caminhos, que passam pelo campo da atuação, como professor ou ator e, claro, pensando sempre em melhorar minha formação buscando uma possível especialização ou tentar um mestrado, mas o principal nesse primeiro momento, como todo recém-formado, é procurar um emprego e buscar experiência e estabilidade. Acredito que o primeiro passo será caminhar dentro da minha área de formação, ou seja, sendo um licenciado em Teatro o meu objetivo principal nesse primeiro momento é lecionar. Dessa forma meu primeiro passo já foi entregar currículos em vários colégios e pensar em projetos de Teatro para oferecer aos mesmos, pensando principalmente no fato da linguagem teatral ser pouco explorada no ambiente escolar em Maringá e região, pois percebo que para nós, recém-formados em Artes Cênicas, estamos buscando um espaço que pouco é dado para o Teatro nas escolas. Se por um lado isso seria positivo pelo fato de sermos novidade, por outro lutamos contra a situação estabelecida do ensino da arte que ainda está muito mais habituado com a linguagem das artes visuais e plásticas do que com o Teatro. Acredito que os recém-formados em Música passam por essa mesma dificuldade aqui na nossa região. Dessa forma, pretendo trabalhar no ambiente escolar, dentro da minha formação, respeitando a minha especificidade que é o Teatro, ou seja, busco trabalhar de uma forma que não me coloque como um professor polivalente, mas sim, um profissional que trabalhe a Arte através do viés da minha formação.  Posteriormente posso sim, através do meu trabalho, conversar com outras linguagens artísticas. Outro desafio, se assim posso dizer, seria entrar no mercado de trabalho pelo viés da educação sem deixar de atuar no Teatro, já que é a minha paixão. Quero continuar no palco atuando, pesquisando e produzindo. Enfim, ao me formar vejo que tenho que explorar todas as possibilidades que me forem possíveis, trabalhando com o que eu gosto e me deixa feliz, que é o Teatro, mas sabendo que não será nada fácil.

Nayara Araújo

Agora estou desesperadamente procurando emprego na área! Mandei currículo para algumas escolas aqui de Maringá e estou aguardando a resposta delas, mas enquanto isso tô mantendo meus ensaios e treinamentos com o meu grupo (GECA – Grupo de Estudos do Corpo do Ator) e tentando as leis de incentivo à cultura. Também estou estudando para um mestrado no Japão (em butoh).

Elaine Teleken

Pretendo buscar conhecimento do funcionamento da Lei Rouanet, suas formas de captação e prestação de contas, ou seja, conhecer toda a burocracia.  Na graduação aprendemos a escrever projetos, porém não tivemos conhecimento total do funcionamento da lei Rouanet e o uso prático do Salic. Acredito que seria necessária uma disciplina na grade curricular acadêmica que apresentasse as principais empresas que abrem editais de incentivo a arte e também explicasse os processos da formalização de uma companhia teatral enquanto pessoa jurídica, e até mesmo o MEI (Micro Empreendedor Individual), visto que este permite a atividade de INSTRUTOR (A) DE ARTES CÊNICAS. Tenho CNPJ pela formalização do MEI, mas conheci os benefícios do MEI por iniciativa própria através de leituras extracurriculares, depois tirei dúvidas com um colega de turma que já tinha em exercício estes benefícios há um bom tempo e então fui até o SEBRAE e formalizei sem custo algum, não havendo a necessidade de contratar uma empresa de contabilidade. Senti esta necessidade de formalizar o MEI ano passado, já pensando em colocar mais atividades depois de graduada, pois cheguei a ler editais que exigem o CNPJ em atividade por no mínimo um período de um, dois ou três anos. De imediato pretendo fazer uma pós-graduação Lato Senso, ou seja, uma especialização na área de artes e também escrever projetos, procurar emprego para dar mais aulas de teatro, visto que passamos de futuro da nação a desempregados, ou seja, um problema social que precisa de solução imediata.  No decorrer do ano pretendo criar novos espetáculos, participar de uma peça que recebi convite e, se conseguir um tempo extra, me dedicar a outras manifestações de arte, como dança e aprender a tocar instrumento musical, pois o ator necessita aprender outras formas de manifestações artísticas para integrar seu próprio repertório de trabalho. Mas acredito que muitas coisas só acontecerão com o decorrer do tempo e das oportunidades.

PS: Era para ter mais gente citada na matéria. Não pensem que é preguiça da jornalista. Eu até mandei a pergunta pra outras pessoas, mas apenas esses responderam. De qualquer maneira, boa sorte a todos os formados!


Agenda

No Teatro Calil Haddad:

sem lona

 

No Teatro Reviver:

stand up

Ingressos: R$ 10 PROMOCIONAL ANTECIPADO

Ponto de venda: COR DE PIMENTA – Av. Cerro Azul, 984. Em frente ao Cidade Canção.

Na hora: R$ 20 inteira – R$ 10 meia


Conte sua história: Angela R. R. Xavier

No dia 2 de janeiro a escritora Angela Regina Ramalho Xavier me marcou em uma publicação no Facebook para contar uma história interessante. Diz ela na postagem: “Revirando documentos antigos, eis que encontro minha primeira Carteira Profissional e divido com vocês essa informação. Pouca gente sabe, mas sou registrada em carteira como atriz profissional, graças a um curso de Artes Cênicas de 04 anos, realizado na UEM de 75 a 79, ministrado pelo professor e ator Walter Pedrosa, que hoje dá aulas de teatro em Franca (SP).

Nesse curso atuei com Tisley Barbosa, Luiz Amblard, Jorge Henrique Lopes, Vanderlei Ferrarezi e muita gente boa ligada às artes em Maringá. Fizemos peças como “O Jumento e o Capataz”, viajávamos para festivais, montamos peças infantis, enfim fizemos parte da história do teatro em Maringá e movimentamos essa arte na cidade e região. Importante registrar aqui o empenho de Walter Pedrosa para conseguir essa qualificação a todos os que completaram os 04 anos de curso. Eu tinha fotos lindas dessa época, mas não as encontrei! Saudades”.

Carteira profissional de Angela Xavier.

Carteira profissional de Angela Xavier.

Claro que o blog não deixou passar em branco e, inspirados nela, criamos uma nova seção para que as pessoas que fizeram teatro, mas acabaram seguindo outros rumos profissionais, relembrem sua história. Eu mesma fiz teatro por quase quatro anos no curso de Newdemar de Souza e lá me lembro de ter conhecido muitos advogados, médicos, psicólogos, professores, enfim … pessoas de todas as áreas.

Leia abaixo a conversa que tivemos com a Angela:

Quando você começou a fazer teatro e onde procurou??

Sempre fui inclinada às artes. No Gastão Vidigal participava dos momentos culturais cantando ou dramatizando, mas sem nenhum estudo ou aprofundamento. Cantei no Coral da UEM por uns dez anos, fiz teste com o maestro Aniceto Matti, que me aprovou afirmando que “eu tinha ouvido musical”. Na verdade não procurei o teatro, mas o teatro veio até a mim. Logo que passei no vestibular de Pedagogia (1975), numa das aulas, um jovem franzino e muito falante pediu licença ao professor, dirigiu-se à frente da sala de aula e convidou-nos a participar de um curso de formação de atores. Informou os horários de ensaio e deixou-nos um folheto mimeografado (não havia computador nessa época) com informações mais detalhadas.

Quais foram suas motivações?

Eu já estava na música, pois cantava no Coral Municipal, mas houve uma época em que a Prefeitura deixou de apoiar as atividades do Coral e para evitar que o grupo se dissolvesse a UEM “abraçou” a causa e responsabilizou-se pelo mesmo, oferecendo espaço e condições básicas para a continuidade do trabalho. Desse momento em diante o Coral passou a chamar-se Coral da UEM. Aos poucos, foram entrando novos membros, mas a base inicial do grupo foi o Coral Municipal. Isso foi antes de 75, portanto quando iniciei o curso de Pedagogia eu já integrava o Coral da UEM. O “jovem franzino” (Walter Pedrosa) deixou-me curiosa. Queria saber como aconteciam os ensaios, como se montava uma peça e como se “formava” um ator. Eu morava a 50 metros da UEM e foi só atravessar a rua para descobrir as maravilhas que o teatro poderia me proporcionar.

Por quanto tempo fez teatro?

O Curso de Formação de Atores durou 04 anos (1975-1979) e apenas os que completaram esse tempo receberam o registro em carteira. Permaneci no grupo até 1983 e fui me desligando aos poucos, uma vez que já atuava no Magistério em função de Coordenação, o que me obrigava a realizar muitas viagens para cursos na área da educação.

Que peças montou e quem fazia parte do grupo com você? Aliás, o grupo tinha nome?

O grupo tinha nome sim: “Teatro Experimental da UEM”. Não sei dizer ao certo o porquê de “experimental”, mas devia ser a 1ª “experiência” (tentativa) de se realizar algo nesse sentido dentro da UEM. Walter Pedrosa, na estrutura administrativa da UEM, era o responsável pelo Setor de Artes Cênicas. Em 1977 o grupo montou sua primeira peça “Transe” com direção de Walter Pedrosa. Entrei no elenco da segunda peça: “O Jumento e o Capataz” de Marco Antonio de Oliveira.

"O jumento e o capataz", de 1979. Foto: arquivo pessoal Angela Xavier

“O jumento e o capataz”, de 1979. Foto: arquivo pessoal Angela Xavier

Fazia o papel de “Mãe Clemência”, uma escrava que junto com os filhos era submetida a maus tratos pelo capataz, interpretado pelo diretor Walter Pedrosa. Depois participei do elenco e da montagem de uma peça infantil que foi um sucesso em Maringá. Pesquisei sobre essa peça  no site do Tisley Barbosa e na página do diretor Walter Pedrosa, mas não consegui obter nenhum registro. Nem o nome da peça eu lembro, mas a imagem que me vem dessa peça são os olhinhos arregalados das crianças, quando um boneco inerte ganhava vida em cena. Tínhamos dois bonecos exatamente iguais. Um cheio de palha e outro em que o diretor literalmente “vestia” o boneco (entrava no interior do mesmo). Em um determinado momento da peça os bonecos eram trocados sem os espectadores perceberem. Na hora em que o boneco se movimentava era algo mágico: gritarias, palmas, espanto!

Como era o público naquela época?

Eram atentos, aplaudiam, permaneciam após a peça para debater. Não havia muitas opções de lazer na cidade e o teatro era “novidade”. Além disso, na ausência de espaços culturais disponíveis, nos apresentávamos em bares, discotecas, enfim buscávamos espaços alternativos. Normalmente, nesses espaços o público já estava lá. Era só chegar e atuar.

Chegou a ir a algum festival? Ganhou algum dinheiro com as peças?

Enquanto estive no grupo, participamos de dois festivais: O FENATA – Festival Nacional de Teatro em Ponta Grossa (se não me engano, participamos do 7º FENATA) e outro em São Carlos, no interior de São Paulo, cujo nome não me lembro. Sei apenas que foi nas dependências da Universidade de São Carlos. Ganhar dinheiro? Gastava-se muito, pois cada um fazia seu próprio figurino e a caracterização do personagem.

Como era a produção? Quem corria atrás de cenário, figurino, divulgação?

Discutia-se tudo coletivamente, ouvindo sugestões e acatando o que fosse mais viável. Depois dividíamos as tarefas. Era tudo muito pensado, por mais que a desordem imperasse. Figurino cada ator fazia o seu. Lembro-me bem da segunda montagem do Jumento e o Capataz, onde ficamos um tempão cortando tiras de tecido para compor os personagens. O diretor fazia o contato com a imprensa e eu o ajudava na escrita dos “releases”. Eu analisava o texto, fazendo a contextualização com a realidade social da época. Escrevia como crítica (técnica) e cuidávamos para que a matéria fosse veiculada antes da estreia, para despertar interesse e consequentemente trazer mais público aos espetáculos. Difícil era ser técnica, porque “eu não tinha lá essa bola toda”, mas o diretor percebeu em mim intimidade com as palavras e facilidade em transmitir para o papel, intelectual e emotivamente, minhas impressões sobre o espetáculo.

E a imprensa? Dava espaço?

Jornal noticia o espetáculo. Foto: acervo Tisley Barbosa (em cena com Angela)

Jornal noticia o espetáculo. Foto: acervo Tisley Barbosa (em cena com Angela)

Dava sim, sempre tivemos espaço nos jornais de maior circulação da cidade. Por muitos anos guardei os recortes dessas matérias, mas com o tempo eles se perderam.

Quais são suas melhores lembranças desta experiência?  Tem alguma história pra contar?

Tenho ótimas lembranças e fiz muitos amigos, muitos deles conservo até hoje. Numa cena atuando com o diretor, ele deveria me jogar ao chão de forma brusca. Em alguns espetáculos até “maneirava”, mas um dia ele deu um empurrão tão forte que o tombo foi real. No dia seguinte os hematomas foram inevitáveis. Mas isso era bastante comum. Lembro-me das nossas risadas e as algazarras nas reuniões, as viagens para participar de festivais, os eventos para os quais éramos convidados enfim, foi uma época muito significativa em minha vida.

O que o teatro representou na sua vida? O que acrescentou?

O teatro revelou traços da minha personalidade que eu desconhecia. Ensinou-me a interagir em grupo, foi ferramenta de grande valia para o meu crescimento pessoal e profissional. Culturalmente o teatro só me acrescentou. Na minha carreira enquanto educadora trabalhei com o teatro em sala de aula, não apenas levando os alunos a assistirem peças, mas a representá-las. Considero que os conhecimentos que o teatro me trouxe foram para a vida toda. Aprendi a improvisar, desenvolvi a oralidade, a expressão corporal, a impostação de voz. Ampliei o vocabulário, trabalhei meu lado emocional, desenvolvi habilidades para as demais artes (pintura corporal, confecção de figurino e montagem de cenário). Além disso, o teatro me oportunizou realizar pesquisas, desenvolver a redação, trabalhar conceitos como cidadania, religiosidade, ética. Propiciou-me o contato com obras clássicas, fábulas, reportagens. Ajudou-me a desinibir e adquirir autoconfiança. Desenvolvi no teatro habilidades adormecidas, estimulando a imaginação e a organização do pensamento. Até hoje uso os conhecimentos adquiridos no teatro. Ontem mesmo numa loja em Maringá, realizei pesquisa de materiais para improvisação, que utilizarei para desenvolver o projeto de literatura de minha autoria, aprovado recentemente no Prêmio Aniceto Matti.


Perfil: Rogério Carniato

Hoje quem conta sua história para o blog é o meu amigo Rogério Carniato. Maringaense de uma família de gente bonita, canceriano (como eu!), casado com a nutricionista Caroline Mott, atualmente vive na ponte Maringá – São Paulo – Maringá.

rogério

“Meu primeiro contato com o teatro foi através de uma oficina ministrada pelo diretor teatral Newdemar de Souza, que pessoalmente foi até a escola onde eu estudava e fez o convite para participar do curso vocacional. Na época eu estava na 6º série do ensino fundamental”, conta.

O curso durou de 1996 a 1999 no Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga. Neste período ele fez parte da Cia. Fuscapé e da Cia. Klaxon & 2/18, além da Quilombo, todas dirigidas por Newdemar de Souza. Participou das montagens “Maringá Cidadania Para Todos” (1996), “O Terror e a Miséria no Terceiro Reich” (1997) e um infantil cujo nome escapou (nos dois últimos, eu também fazia parte do elenco).

Depois disso, Rogério desenvolveu os seguintes trabalhos:

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Foto retirada do programa da peça. Acervo: Rachel Coelho

 

– Em 1999 participou do espetáculo “O Doente Imaginário”, montada pela Cia Trianon, com a direção de Flor Duarte [e que teve a participação da atriz, cantora e regente do coral da UEM Ana Lúcia Colodetti, falecida recentemente].

– Em 2000, com um novo grupo independente de teatro (Cia. Simbiose), montou “O mundo do Faz de Conta”. Atuou como ator e diretor nos espetáculos de sua autoria: “O Velho e a Bruxinha” (2003), “O circo com Kadú e Kajú” (2004) e “Os Quatro Elementos (2004) para o SESC/PR.

Foto retirada do programa da peça. Acervo: Rachel Coelho

Foto retirada do programa da peça. Acervo: Rachel Coelho

– Em 2003 ministrou oficina de iniciação teatral no Teatro Calil Haddad que resultou no espetáculo “Eu, por Augusto dos Anjos”, do qual assinou a direção.

– Em 2005 ministrou oficinas de interpretação em um curso livre na Oficina de Teatro da UEM – Universidade Estadual de Maringá.

– De 2002 a abril de 2006, foi professor de teatro no Colégio Platão, onde desenvolveu um projeto de teatro-educação, montando mais de 30 peças, entre elas “Aurora da Minha Vida” (2005), “Gota D’Água” (2005) e “A Volta do Camaleão Alface” (2005).

– Cursou Letras (2003 a 2006) pela Faculdade de Campos Andrade (UNIANDRADE).

Depois disso, sentiu necessidade de obter novos conhecimentos, trabalhar com pessoas diferentes e crescer como artista. Para tanto, buscou trabalhos em outras cidades e deu certo!

Entre 2005 e 2007 ministrou oficinas de iniciação teatral para o Centro Cultural Teatro Guaíra, por meio do Projeto Paranização, levando arte para cidades como Quatiguá, Siqueira Campos, Atalaia, Iguaraçú, Centenário do Sul, Munhoz de Melo, Santa Fé e Curitiba.

Rogério em campanha publicitária da Unimed.

Rogério em campanha publicitária da Unimed.

Em São Paulo trabalhou como ator em campanhas publicitárias regionais e nacionais, tais como Hipercard, Nextel, Pernambucanas, Fly Tour, Santander, Gillete, entre outros. Também fez participações em novelas do SBT e da TV Bandeirantes e trabalhou na TV Globo no setor de jornalismo cobrindo parte da Região norte da cidade com matérias sobre a vida dos moradores.

Nada disso impediu que ele continuasse atuando em Maringá. Aqui mantém a produtora Carniato & Carniato Produções Artísticas, que vem desenvolvendo o agenciamento de atores para publicidade, produções teatrais e instalações artísticas.

Em 2013 estreou dois espetáculos na cidade: “Entre paredes escuras”, com direção de Sérgio Milagre e contemplado pelo Prêmio Aniceto Matti (em que Rogério integrava o elenco) e “Cidade Menina”, com direção de Marcio Alex Pereira e Rogério na produção, aprovado na Lei Rouanet e patrocinado pela Usina Santa Terezinha.

"Entre paredes escuras" Foto: Beto Schultz

“Entre paredes escuras” Foto: Beto Schultz

Rogério conversa com a plateia após "Cidade Menina". Foto: Leonardo Biazini

Rogério conversa com a plateia após “Cidade Menina”. Foto: Leonardo Biazini

Em 2014 a empresa de Rogério foi responsável por um dos presépios vencedores do concurso da Prefeitura. O dele está instalado na Praça Regente Feijó. Para este ano, foi aprovado em segundo lugar no Prêmio Aniceto Matti com o projeto “O especialista”, montagem teatral de mais um texto de sua autoria. Nesta, ele dividirá o palco com sua irmã, Cris Carniato. A direção ainda não foi definida. Além disso, está em fase de pré-produção de programas pilotos para TV em São Paulo e de novos projetos para teatro.

Seu conselho para estudantes: “Acredito que para qualquer artista, seja profissional, amador ou estudante, produzir, fazer com ou sem dinheiro faz com que o indivíduo adquira experiência e notoriedade para sua carreira, presente e futura”.