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Sai lista de indicados ao Gralha Azul

Foi divulgada na última sexta-feira (28/11) a lista de indicados à 35ª edição do Troféu Gralha Azul, considerada a maior premiação do teatro paranaense. Veja a relação completa em reportagem da Gazeta do Povo. A cerimônia de entrega do prêmio é no próximo dia 16, no Guairinha.

Já me manifestei inúmeras vezes contra o que os organizadores deste prêmio consideram “paranaense”. Como cidadã nascida e criada no Paraná, não me sinto representada. A Secretaria de Estado da Cultura e o Sated acreditam que apenas espetáculos que fizeram um número mínimo de apresentações em Curitiba tem o direito de concorrer ao prêmio. Entretanto, para cumprir essa exigência não há nenhum tipo de apoio financeiro. Ora, todos sabemos que circular com um espetáculo não é nada fácil: há despesas com transporte, hospedagem, alimentação, traslado, locação de teatro e, em alguns casos, de equipamentos, material de divulgação, assessoria de imprensa, camarim e ainda assim há o risco de não ser assistido pela comissão. Há a dificuldade de não conseguir pauta, pois sabemos que mesmo os artistas e produtores de Curitiba encontram essa dificuldade. Enfim.

Existem inúmeras soluções para resolver esse problema: bastaria criar seletivas em várias regiões do Estado, que contemplassem, no mínimo, as maiores cidades do Estado, como Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel. Poderiam, também, criar uma comissão itinerante, pois os custos são mais baixos do que circular uma produção inteira. Poderiam, ainda, criar subcomissões no interior do Estado, pois é exigência do edital que a comissão também resida em Curitiba. Na pior das hipóteses, eles poderiam ao menos deixar de divulgar o prêmio como sendo “paranaense” e dar a ele uma nomenclatura que seria mais honesta e verdadeira: a de prêmio curitibano.

Acredito que o Troféu Gralha Azul nega a existência de um teatro feito no interior do Estado e, assim, desrespeita a todos os artistas daqui que tanto batalham para continuar fazendo teatro. O prêmio tem seus méritos, conheço muitas pessoas talentosas que já tiveram o reconhecimento deste prêmio e isso é muito importante na carreira de qualquer artista. É por isso mesmo que reivindico uma mudança nas regras deste prêmio, de modo que possa, enfim, beneficiar uma quantidade maior de profissionais das artes cênicas.


Vamos discutir cultura?

Nesta quarta (24) teremos mais uma Audiência Pública para discutir a questão da cultura em nossa cidade. Será na Câmara Municipal, a partir das 19h. Artistas, produtores culturais, jornalistas da área e público em geral devem comparecer.

Não basta reclamar, é necessário contribuir de alguma forma para chegarmos a um cenário cultural que julgamos mais adequado, melhor. Não é contra ninguém, é a favor de todo mundo. Nosso partido é o da cultura e juntos podemos fazer mais.

Os ecos da primeira audiência, realizada em 18 de setembro de 2013, ainda se fazem ouvir. Como resultado palpável tivemos a emenda aprovada pelos vereadores desta cidade no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), que possibilitou um edital de fomento à cultura de R$ 1.110.000,00 (um milhão, cento e dez mil reais) para os artistas e produtores culturais (Prêmio Aniceto Matti, que antes era de R$ 600 mil). O GT de Cultura, grupo formado naquela ocasião,tem debatido semanalmente temas de suma importância para a área.

Sua participação é fundamental!

II Audiência


O teatro e a especulação imobiliária

Grupo de Trabalho da cultura se reúne com a secretária de cultura de Maringá. Foto: André Fabrício.

Grupo de Trabalho se reúne com a secretária de cultura de Mgá. Foto: André Fabrício.

No ano passado artistas e produtores culturais de Maringá deram início a uma luta pela revitalização do Cine Teatro Plaza, equipamento cultural localizado na Praça Raposo Tavares, próximo ao terminal rodoviário, que está inativo e interditado há pelo menos dez anos. Tal ação vem ao encontro de um movimento que, infelizmente, é nacional. Outros espaços culturais estão sofrendo os efeitos da especulação imobiliária, do desrespeito e do desinteresse pelas ações culturais, por mais importantes que elas possam vir a ser.

Em São Paulo o Centro Internacional de Teatro Ecum (CIT-Ecum), apesar de desenvolver um trabalho relevante que ganhou enorme destaque em apenas um ano, fechou as portas no mês passado. O proprietário do imóvel pediu a desocupação do prédio para transformá-lo em um empreendimento considerado mais lucrativo. O CIT Ecum já é um espaço tradicional na cidade, visto que seus diretores e curadores são nomes muito atuantes na cena teatral e conseguiram oferecer uma programação de qualidade, somada a cursos, oficinas e debates. Sua criação foi resultado de um trabalho que já vinha sendo realizado desde 1998 por meio do Encontro Mundial das Artes Cênicas. A Cooperativa Paulista de Teatro entrou com pedidos de tombamento do prédio e de registro como patrimônio imaterial, uma vez que lá funcionou a primeira fábrica de aparelhos de televisão na cidade de São Paulo, considerando também a importância cultural do teatro. O pedido foi acompanhado de um abaixo-assinado que circulou na internet e teve a adesão de mais de 2.700 assinaturas.

Também em São Paulo o Teatro Brincante, criado pelo músico, dançarino, coreógrafo e educador Antonio Nóbrega está ameaçado. Da mesma forma que ocorreu com o CIT Ecum e com tantos outros espaços alternativos da capital paulista, uma construtora comprou o terreno localizado na Vila Madalena e pretende demolir o prédio. Para eles pouco importa o trabalho que Nóbrega vem desenvolvendo há mais de 40 anos pela cultura popular brasileira, pelo teatro, dança, contação de histórias, pela educação e por tantas crianças, jovens e adultos que passam pelo Instituto Brincante. Na rede também foi criado o movimento #ficabrincante, resta saber se terá resultado.

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Pascoal da Conceição e Dudude Herrmann na campanha.

Conectada a todos estes acontecimentos em rede nacional, a revista de teatro Antro Positivo criou a campanha #Deixemoespaçodoteatroempaz, simbolizada por fotografias em que uma fita amarela e preta daquelas usadas em áreas interditadas é atravessada pela imagem de artistas, produtores, críticos e jornalistas especializados. A campanha surgiu em São Paulo e ganhou eco no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, onde espaços culturais também estão sendo ameaçados pela especulação imobiliária.

Enquanto isso em Maringá, um Grupo de Trabalho criado numa audiência pública vem trabalhando como pode pela cultura local e, neste assunto, vem realizando uma campanha chamada O Cine Teatro Plaza é nosso. A primeira ação foi criar uma fanpage com este mesmo nome, que já tem mais de 1.800 curtidas (e se você ainda não curtiu, curta!). No início de março foi realizado o Hip Hop no Plaza com a participação de diversos artistas. O objetivo era chamar a atenção da população para a causa e por isso outro evento está sendo organizado para ocorrer em breve.

Mas por que é importante lutar por este espaço?

Cine Teatro Plaza, em Maringá.

Cine Teatro Plaza, em Maringá.

O prédio começou a ser construído em 1968 e foi inaugurado no ano seguinte. Tendo em vista que a fundação oficial de nossa cidade é de 1947, trata-se de um dos primeiros equipamentos culturais que ainda está de pé. Como se isso não bastasse, é um dos últimos cinemas de rua que ainda existem no Estado do Paraná. E mais: é um dos nossos maiores espaços culturais, ultrapassando os 600 lugares (só perde em capacidade para o Teatro Marista e para o Teatro Calil Haddad); está localizado na região central e, portanto, em local de fácil acesso para o grande público. Além disso, quem precisa solicitar agendamento de um teatro sabe o quão difícil está encontrar uma data disponível, competindo com eventos de outra natureza, tais como formaturas, congressos, seminários e apresentações de escolas. Precisamos urgentemente de mais espaços culturais!!! Precisamos de mais investimentos, pois é certo que, para ser reaberto, o Plaza precisa ser reformado e equipado. Precisamos cuidar da preservação de nossa história e memória. Precisamos, sobretudo, que a arte e a cultura sejam vistas como prioridades.

Este texto foi publicado em versão editada no jornal O Duque, na minha estreia como colunista. Para acessá-lo no site do jornal, clique aqui