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Retrospectiva pessoal

É tempo de retrospectivas e planejamentos. Nessa época do ano é comum relembrar, avaliar e planejar nossa vida, nosso próximo ano. No meu caso, é um período de esperança, de expectativas e ansiedade redobrada.

Lembro que meu ano começou com estudos de teatro, em um grupo organizado pela Teatro e Ponto Produções Artísticas. Os estudos duraram algumas semanas de janeiro, mas logo findaram porque outros compromissos foram nos chamando.

Curitiba

Em fevereiro fui a Curitiba por um convite de trabalho no tradicional festival de teatro. Foi uma experiência que durou apenas uma semana, pois logo percebi que não iria me adequar à dinâmica do festival. Entretanto, por mais que tenha sido rápida, foi importante.

"Big Bang Boom". Foto: Rachel Coelho

“Big Bang Boom”, de Michelle Moura, em Curitiba. Foto: Rachel Coelho

Como todos os anos acompanho o festival que começa no fim de março e eu já estava na cidade, acabei ficando em Curitiba. Consegui um trabalho de assistente de produção em um projeto específico na empresa Expressão Criação e Produção, do meu grande amigo Well Guitti. Acompanhei a circulação do espetáculo de dança contemporânea “Big Bang Boom”, da artista Michelle Moura, nas regionais de cultura do Boa Vista e Santa Felicidade.

A ideia era continuar trabalhando com o Well, parceiro em outros projetos, mas a greve da Funarte acabou atrasando o repasse de um projeto que havia em vista e, por isso, acabou não rolando outro trampo. Apenas participei de reuniões e fiz um orçamento de uma circulação que não vingou. Fiz contato com um amigo, Fernando, para elaboração de um projeto para a Lei Rouanet, trabalho que deve rolar em 2015.

Em abril fiz uma visita a Porto Alegre e tive a oportunidade de conhecer a Terreira da Tribo, sede da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, um dos grupos de teatro que mais admiro no Brasil. A partir disso, foi possível ajuda-los em Curitiba por ocasião do edital Cultura 2014, que viabilizou apresentações culturais em cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo. Mais uma experiência enriquecedora, que me manteve em Curitiba até o dia 21 de junho. No mesmo dia embarquei de volta a Maringá, chegando na manhã do dia 22, aniversário de minha mãe.

Eu e a galera do Ói Nóis. Foto: Giovana Lago.

Eu e a galera do Ói Nóis Aqui Traveiz em Curitiba (junho de 2014). Foto: Giovana Lago.

Retorno à Maringá

24 de junho era o prazo final para inscrição no edital do Prêmio Aniceto Matti, da Prefeitura Municipal de Maringá. O projeto “Formação e Capacitação de Artistas – Ciclo de oficinas e palestras” havia sido pensado e escrito em Curitiba. Finalizei os detalhes e fiz a inscrição. O edital foi enrolado, o primeiro resultado que saiu não informava que nem todos os aprovados seriam necessariamente premiados. Vários proponentes entraram com recursos e eu acabei perdendo as esperanças. No entanto, quando eu menos esperava, veio a notícia da aprovação (o resultado final saiu apenas no dia 16 de dezembro). A previsão para execução é abril de 2015.

Ao retornar à Maringá, também voltei a me encontrar com Marcia Costa, com quem já havia falado em 2013 sobre a possibilidade de montar um espetáculo solo. Escrevi o projeto para o edital do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz e foi grande a surpresa quando descobri que fomos um dos sete contemplados na região Sul do País para montar um espetáculo. Comemorei muito, pois acredito ter sido uma grande conquista. É a primeira vez que se aprova um projeto neste edital em Maringá. A previsão é estrearmos “Tempos de Cléo” em março de 2015, mas isso vai depender do depósito do recurso, ainda sem previsão.

Encontro "Tempos de Cléo". Foto: Weslley Borges

Equipe “Tempos de Cléo”: eu, Gabi Fregoneis, Marcia Costa e Carolina Santana.

Intermediei o encontro de André Fabrício (que desejava voltar aos palcos como ator) e Marcia Costa, pessoa com quem pretendo trabalhar muitas e muitas vezes. Após alguns encontros deliciosos, elaborei um novo projeto de montagem para o edital da Bolsa Funarte de Fomento aos Artistas e Produtores Negros, que ainda não divulgou resultado. Trata-se do espetáculo “Nossa Senhora Noturna”, cuja ideia é muito legal e nos empolga. Agora é torcer!

Florescerro

No comecinho de outubro fui convidada a embarcar em um projeto independente de montagem. Pela primeira vez um texto fruto do Núcleo de Dramaturgia do SESI seria levado ao palco em Maringá. A equipe envolvida me convenceu de que seria uma boa ideia, embora não goste de projetos com prazo apertado, sobretudo no caso de montagens.

Em apenas dois meses foi concebido o espetáculo “Florescerro”, pelas mãos do autor Gustavo Hermsdorff, do diretor Lucas Fiorindo, dos atores André Fabrício e Vinicius Huggy e da cenógrafa Ana Paula Siste. Eu assinei a produção da montagem, que veio à tona antes de “Tempos de Cléo” e, portanto, me iniciou no mundo da produção de montagens!

Foi uma única apresentação, mas a experiência valeu demais! Um rico aprendizado! Ainda não sabemos como será 2015, mas o desejo dos meninos é voltar a cena.

E mais…

E no meio disso tudo ainda mantive o blog e a coluna no jornal O Duque (onde também dei algumas contribuições como repórter). Participei do GT de Cultura, que ao longo do ano fez reuniões semanais e encampou a criação da primeira cooperativa cultural do Paraná (em andamento). Ainda este ano (novembro) consegui abrir um CNPJ, que por enquanto ainda é MEI. Em setembro iniciei uma pesquisa sobre a história do teatro em Maringá, mas não consegui fazer o suficiente. Faltou tempo. Em outubro iniciei um trabalho no Instituto João Bombeirinho, do qual acabei desistindo por não querer fugir do foco profissional. A necessidade de dinheiro está o tempo todo nos tentando a mudar de rumo. Fiz revisão ortográfica do livro “A história de Naitá”, do Danilo Furlan (já lançado). Trabalhei durante uma semana na 1ª Festa Literária de Maringá (FLIM). Isso sem contar com os projetos que não foram aprovados, mas demandaram o tempo de sua elaboração e coisa e tal.

SP

Para encerrar o ano, fiz uma viagem marcante: fui a SP acompanhar o Ói Nóis Aqui Traveiz na Mostra Conexões para uma arte pública, que promoveu um intercâmbio entre o grupo gaúcho e o carioca Tá na Rua, o mineiro Casa do Beco e o paulistano Pombas Urbanas. Além destes, ainda tive o privilégio de conhecer o grupo Contadores de Mentira, de Suzano.

Se eu pudesse resumir a experiência (pois para descrevê-la não consigo encontrar palavras) eu diria que me encorajou a seguir adiante, a lutar, a batalhar. Esses grupos são resistentes. Estando com eles é possível perceber a força, a coragem e o amor pelo teatro. A importância que eles tem em suas comunidades e o respeito que conquistaram nela. Como a arte pode abalar estruturas, pode transformar. Como ainda nos falta em Maringá mas, sim, É POSSÍVEL. Eles são um belo exemplo disso: de que é possível. E pode ser lindo, pode ser doce, pode ser forte. Só não vai ser fácil.

Expectativas

A previsão é começar 2015 trabalhando.

Como pretendemos estrear “Tempos de Cléo” no início de março, voltaremos a nos reunir no início de janeiro. Em seguida, durante o mês de junho, pretendo executar o projeto aprovado no Aniceto Matti, que é de oficinas e deve durar praticamente o mês todo. Deste mesmo edital estou na equipe do projeto do Marcio Alex Pereira, uma pesquisa sobre a Vila Operária que pretende reunir material que posteriormente irá subsidiar a criação de um espetáculo sobre o bairro. Não sei do cronograma, mas certamente serão meses de trabalho.

Farei a assessoria de imprensa do Festival de Teatro do Estudante, projeto do grupo Forféu (do distrito de Iguatemi), que resgata o projeto da Secretaria de Cultura em que tanto trabalhei nas três edições realizadas. O festival deve ocorrer em setembro, mas minha função, segundo Alan Gaitarosso me informou, começa em março.

O edital do Viapar Cultural está aberto até fevereiro e para ele mandarei alguns projetos com previsão de realização no segundo semestre. Torço para que um deles passe! Temos também o edital do PROFICE e a peça “Florescerro”, que queremos circular e apresentar. E é isso o que está previsto, o resto é novidade.

Que seja um ano tão ou mais produtivo que este.


Setembro dos festivais

Sabe aquele desejo de estar em vários lugares ao mesmo tempo??? Então …setembro chegou trazendo essa vontade com tudo!

Começa hoje em Santos o Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, que vai até o dia 13. O festival terá 14 companhias nacionais e 25 internacionais; 40 espetáculos; intervenções artísticas; atividades formativas e programação especial para crianças, com apresentações no Sesc Santos, em diversos outros espaços da cidade, como teatros, praças, parques, monumentos e ainda percorrerá as cidades de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, São Vicente e Peruíbe com apresentações para crianças. México, Argentina, Bolívia, Chile (país homenageado nesta edição), Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, Paraguai e Peru são os países convidados. Essa é a terceira edição do festival, que é bienal.

Meus destaques da programação nacional (ou aquilo que eu gostaria de ver):

Foto: Rafael Telles

Foto: Rafael Telles

– O Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), faz a pré-estreia de seu mais novo trabalho, “Nuestra Senhora de las Nuvens”. Construído com dramaturgia de Aristides Vargas (autor que fugiu da ditadura argentina e se exilou no Equador), o grupo investiga as relações da memória e identidade. somando também as experiências provocadas pelo golpe militar brasileiro de 1964. Aproximando o realismo fantástico-surrealista do político-épico, as histórias são apresentadas por quatro atores, tendo por fio condutor os encontros entre Oscar e Bruna. A narrativa permeia o universo do exílio através do humor, violência, crítica e lirismo, expondo a estrutura do discurso político.


Foto: Jennifer Glass

Foto: Jennifer Glass

– Zé Celso leva seu “Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe” ao festival, percorrendo as montagens e os ensaios de Cacilda Becker como meio de narrar o ontem e o hoje, buscando suas semelhanças e refletindo sobre os 50 anos do golpe militar no Brasil. Penso que Zé Celso é daqueles ícones do teatro que sempre valem a pena ver, pois até a recriação do Teatro Oficina em outra cidade já é, por si só, interessante.


Foto: Cacá Bernardes

Foto: Cacá Bernardes

– A Cia São Jorge de Variedades leva dois espetáculos: “Fausto” e “São Jorge menino”. O primeiro comemora os 15 anos do grupo, que é um dos mais interessantes de São Paulo.  Conta a história do homem que vendeu sua alma ao demônio para obter mais conhecimento; metáfora precisa sobre o afastamento do indivíduo, da alteridade, da natureza e do outro, que tanto determina ao presente. O texto de Goethe foi adaptado por Alexandre Krug, Claudia Schapira e Georgette Faddel. As duas últimas assinam a direção.

Foto: Cacá Bernardes

Foto: Cacá Bernardes

Já “São Jorge menino” surgiu a partir de um convite feito ao dramaturgo e diretor Ilo Krugli, fundador do Teatro Ventoforte, para construir uma dramaturgia a partir de figura de São Jorge. A resposta é um espetáculo em espaço aberto, em forma de um grande cortejo cênico, tornando a rua um espaço poético. As crianças e seus familiares, protagonistas tanto quanto os artistas, celebram o encontro enquanto investigam o tempo e o espaço das festas e rituais com a história de um menino que dormia e foi confundido com a figura do santo, levando-o a viver uma grande aventura e a descoberta do amor.


Foto: Otávio Dantas

Foto: Otávio Dantas

– “02 ficções”, da Cia Hiato, surge como resposta aos estudos que deram origem ao projeto Ficções, sequência de seis solos nos quais a narrativa se aproximava da biografia dos atores. Agora, “02 Ficções” parte da memória do próprio diretor e dramaturgo da companhia, Leonardo Moreira, para construir um jogo sobre o fazer teatral, apoiando-se nos universos de Tchekhov e Ian McEwan. Dividido em duas plateias distintas, o público tem a possibilidade de visitar o trabalho e assisti-lo por diferentes acessos: em um, pessoal e íntimo (coxia); no outro, mais estruturado como um espaço de teatro (plateia).


Foto: João Caldas

Foto: João Caldas

– “Terra de santo”, da Cia Os fofos encenam (SP). A parábola familiar reaproxima a companhia do universo da cana-de-açúcar como meio de compreender as estruturas fundantes do Brasil. Agora, a religiosidade e a estruturação da tradição por meio do sagrado conduzem à série de cinco movimentos apoiados nos livros bíblicos – Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio -, cada qual estruturando simbolicamente um século, desde 1500 até o ano 2000.


Foto: Chistiana Carvalho

Foto: Chistiana Carvalho

– “Puzzle (a)”, da Cia Ultralíricos (SP). Integra uma série de espetáculos criados para representar o Brasil na Feira de Literatura de Frankfurt. Partindo da leitura de dezenas de escritores brasileiros e encontrando silêncios e falas comuns, Felipe Hirsch escolheu os textos, compondo uma experiência em pedaços distintos. Direção Geral e Idealização: Felipe Hirsch. Elenco: Georgette Faddel, Isabel Teixeira, Javier Drolas, Jorge Emil, Luíz Päetow, Luna Martinelli, Magali Biff e Rodrigo Bolzan. Penso que deve ser um espetáculo difícil, mas sou muito curiosa para ver.


Foto: Adriana Marchiori

Foto: Adriana Marchiori

– “Cidade proibida”, da Cia Rústica (RS). O espetáculo traz diversas intervenções cênicas realizadas em locais públicos da cidade, proibidos durante a noite devido ao seu histórico violento. Convidado a ocupá-los junto com o grupo, o público participará de saraus, serenatas, cabarés artísticos, piqueniques e ceias noturnas, sempre conduzidos por diversas linguagens artísticas, como teatro, dança e música. A Cia. Rústica subverte a condição de isolamento desses espaços, recuperando sua realidade no contexto da cidade e provocando as pessoas a vivenciar outro grau de envolvimento com a estrutura urbana. O espaço público, então ameaçado de abandono, renova, assim, sua condição poética-social ao ser ocupado pelas pessoas e pelos discursos artísticos.


"Tchekhov". Foto: José Tezza.

“Tchekhov”. Foto: José Tezza.

O Paraná estará representado pela Ave Lola Espaço de Criação, de Curitiba, com seu “Tchekhov”. Construída em dois atos, os universos e os personagens do conto Aniuta e da peça A Gaivota oferecem uma fábula sobre o próprio escritor e suas relações com importantes nomes do teatro russo, como Constantin Stanislavski e Nemirovitch-Dântchenko, enquanto o Teatro de Artes de Moscou desenvolve a originalidade da linguagem teatral e a metodologia que irão influenciar os artistas até a atualidade. O espetáculo conta com trilha original de Jean-Jacques Lemêtre, compositor do Théâtre Soleil, uma das mais importantes companhias da cena contemporânea, com quem o grupo tem realizado diversas aproximações.

Tem também o “Irmãos de Sangue”, da companhia franco-brasileira Dos à Deux, que acabei de ver no Filo e recomendo muito. Os destaques internacionais deixo para os especialistas, pois eu não tenho as referências necessárias para dar indicações ou escolher espetáculos, pois pouco consigo acompanhar desse teatro. Mais informações sobre o festival estão disponíveis aqui.

***

Em Porto Alegre também começa hoje o 21º Festival Internacional de Artes Cênicas – o Porto Alegre em Cena. Vai até dia 22. Taí um festival para onde eu já tentei ir e não consegui. Há anos fico apenas no desejo, sempre acompanhando de longe as informações.

Meus destaques nacionais:

Foto: Cacá Bernardes

Foto: Cacá Bernardes

A MORTE DE IVAN ILITCH (SP)

Inspirado na consagrada obra de Lev Tolstói, A Morte de Ivan Ilitch, espetáculo homônimo do Núcleo Caixa Preta, apresenta a trajetória patética de um homem mediano, que no auge de sua ascensão profissional, torna-se moribundo. A encenação instiga o espectador a pensar sobre as afinidades que podem surgir dos meandros entre a literatura e o teatro, a Rússia e o Brasil, através de seu caráter político e metafísico, permeando e unificando diferenças.

O espetáculo recebeu duas indicações ao Prêmio SHELL de Teatro/SP 2013: Melhor Atriz (Cácia Goulart) e Melhor Iluminação (Lúcia Chedieck).


Foto: André Fossati

Foto: André Fossati

GET OUT (MG)

Terceiro espetáculo de repertório do grupo Quatroloscinco, uma experiência autoral de Assis Benevenuto.  A encenação aborda a capacidade e a necessidade de envolvimento em uma ficção, habilmente fazendo uma crítica às imagens tão comuns que ditam nossos pensamentos em sociedade. Com um jogo cênico aberto e direto, uma linguagem e uma atuação que aproximam o público, o autor-ator busca diferentes relações com os espectadores, criando assim vetores do discurso que se desenvolvem ao longo da peça.


Foto: divulgação

Foto: divulgação

HOMENS, SANTOS E DESERTORES (RJ)

Com potentes atuações de Ricardo Blat e Nelson Yabeta, “Homens, Santos e Desertores” é um espetáculo baseado no texto do autêntico dramaturgo Mário Bortolotto que aborda temas como a passagem da adolescência para a vida adulta, o bullying e a inadequação social, através da relação de duas personagens sobre as quais pouco se sabe.

Um garoto desinteressado pela vida, fruto de uma família desestruturada, sem amigos e sem namorada, conhece um homem com o qual se identifica e, apesar da diferença de gerações, compartilham referências musicais e literárias.  A partir deste encontro, vem à tona a discussão sobre o sentimento de inadequação de personagens que propositalmente parecem optar pela infelicidade como única maneira de sentirem-se autênticos em um mundo onde todos parecem querer fazer parte de alguma coisa, seja ela qual for.


Foto: Guto Muniz

Foto: Guto Muniz

HUMOR (MG)

Espetáculo de repertório do grupo Quatroloscinco, marca seu sétimo ano de pesquisa e prática teatral continuada. A obra parte dos diversos significados da palavra humor para explorar as manifestações corporais, os líquidos que correm dentro do organismo: nossos humores, os motores que nos fazem continuar existindo.

A montagem traz à tona a relação do homem com a passagem de tempo e com a ininterrupta e lenta morte do corpo, jogando com as afetações e os estados emocionais para construir uma cena excêntrica em um lugar indeterminado entre a comédia e o drama.


Foto: Léo Aversa

Foto: Léo Aversa

INCÊNDIOS (RJ)

Uma tragédia épica contemporânea capaz de transportar o espectador a atmosferas diversas. A montagem de Aderbal Freire-Filho, protagonizada com maestria pela grande atriz Marieta Severo, se vale da própria poética da cena para expressar as situações reais criadas pelo autor.

A escrita de Wajdi Mouawad, apontado como um dos grandes dramaturgos contemporâneos, é marcada por situações devastadoras: guerras, exílios, perdas e injustiças. Não à toa, Incêndios obteve dezenas de prêmios, elogiadas produções ao redor do mundo e um longa-metragem homônimo, dirigido por Denis Villeneuve.

A encenação de Aderbal Freire-Filho recebeu Prêmio Shell 2013 de melhor direção e Prêmio APTR 2013 em quatro categorias: melhor espetáculo, melhor atriz para Marieta Severo, melhor atriz coadjuvante para Kelzy Ecard e melhor cenografia.


Foto: divulgação

Foto: divulgação

QUARTETO (BA)

Espetáculo que celebra os 15 anos de trajetória teatral de Gil Vicente Tavares, é inspirado no romance As Ligações Perigosas, de Choderlos de Laclos. A montagem da companhia Teatro Nu coloca em cena dois atores que interpretam as quatro principais personagens da trama, enredando-se num jogo crescente de sedução, vingança, prazer e destruição.

Na peça de Heiner Müller, esta mesma história ganha contornos que vão além de um quadro da decadente França do Antigo Regime, ganhando um tom mais filosófico e perverso, numa linguagem iconoclasta, ácida e contemporânea, em que o cenário aproxima-se de algo devastado, como se tudo tivesse explodido e aqueles dois seres estivessem ali definhando em suas desgraças.


Foto: Daniel Seabra

Foto: Daniel Seabra

TRÍPTICO SAMUEL BECKETT (SP)

O Club Noir, com direção de Roberto Alvim, promove uma síntese da obra de um dos maiores dramaturgos do século XX, Samuel Beckett, concretizando cenicamente suas questões formais e existenciais, em uma trajetória que principia dentro da mente do artista (em Para o Pior Avante); se abre para cada um dos membros da plateia, na incitação/invenção/apropriação de memórias (em Companhia); e decanta na alteridade: a presença de umoutro que coexistirá conosco, estranho e, ao mesmo tempo, reconhecível (em Mal Visto Mal Dito).

Em cena, as atrizes Nathalia Timberg, Juliana Galdino e Paula Spinelli personificam uma mesma mulher – que personifica toda a humanidade, com suas dores, perplexidades, medos, fragilidades e anseios – e promovem uma jornada pelas principais questões formais e existenciais abordadas pelo autor em sua singular e inventiva escritura.

Mais informações sobre a programação do Porto Alegre em Cena estão aqui.


Também a partir de hoje e até o dia 21 o Festival do Teatro Brasileiro leva um pouquinho da cena baiana para São Paulo, com grupos que vão do Bando de Teatro Olodum aos solos de Fábio Vidal (“Joelma”) e Igor Epifânio (“A arte de matar galinhas”), entre outros.  Saiba mais aqui.

Até o dia 7 ainda está rolando o Filo aqui pertinho.  Veja aqui o que ainda dá para assistir.

E tem muito mais coisa por aí …

dia 6 começa o Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, interior do Ceará, de onde guardo deliciosas lembranças. A programação traz um panorama interessante do teatro daquela região (confira aqui). Dia 11 começa o Filte Bahia – Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, que vai até dia 21 (saiba mais aqui). Também no Nordeste, dia 12 começa a Mostra Internacional de Teatro (MIT), com 30 apresentações, sendo dez da Paraíba, 16 de outros Estados e quatro internacionais (Argentina, Chile e Espanha). Detalhes nessa reportagem.

De 19 a 28 de setembro ocorre no Rio de Janeiro o FIL – Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens, também muito interessante. Quem estiver por esses lugares não pode perder. Quem não estiver, passa vontade.


‘O amargo santo da purificação’

Este é meu registro do espetáculo “O amargo santo da purificação – uma visão alegórica e barroca da vida, paixão e morte do revolucionário Carlos Marighella”, da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. A apresentação fotografada foi em Camaquã/RS, no dia 22 de abril, por ocasião do aniversário de 150 anos da cidade. As fotos foram feitas por mim em câmera fotográfica e também em celular, daí algumas terem a resolução ruim.

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