Perfil: Thais Pimpão

Quem já esbarrou com a sexta edição do jornal O Duque deve ter lido um texto meu sobre a atriz Thais Pimpão.

Mandei a ela um e-mail com perguntas na intenção de construir um perfil para publicar aqui. No meio do caminho, Thais ganhou dois prêmios Shell com o mais recente espetáculo da Cia do Tijolo e o jornal O Duque me convidou a escrever sobre isso para a versão impressa. Topei.

As respostas dela foram tão bacanas que, após a publicação da matéria impressa (com limitação de caracteres), para não deixar de fora tantas informações interessantes e manter o plano inicial, resolvi publicar aqui da mesma forma como ela havia escrito, fazendo apenas uma pequena edição e utilizando as fotos escolhidas por ela.

Pretendo fazer a mesma coisa com outros atores maringaenses (ou, como é o caso dela, que tenham forte vínculo afetivo com Maringá) mas que residem em outras cidades e seguem na vida artística.

Parênteses: como conheci Thais Pimpão

Fazia algum tempo que eu conhecia pessoas que, ao perceberem meu interesse pelo teatro, me perguntavam se eu conhecia a Thais Pimpão. Eu a conhecia apenas de nome, pois não cheguei a assistir aos espetáculos que ela fez em Maringá. Só fui conhecê-la no Rio de Janeiro, numa apresentação de “Concerto de Ispinho e Fulô”, na Caixa Cultural. Fui acompanhada de dois amigos, um deles interagiu com ela no espetáculo e, já alertado por mim de que ela seria de nossa cidade, comentou que era de Maringá. Ela ficou bem empolgada. Ao final da peça, eu e meu amigo fomos falar com ela, que nos recebeu muito bem. A partir daí, nos adicionamos no Facebook e mantivemos contato.

Segue abaixo um pouquinho da história de Thais Pimpão.

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Thais Pimpão em Maringá, no palco do TUM, onde tudo começou. Foto: Alécio Cezar

“Nasci em 1977 em Arapongas. Depois morei sete anos em Londrina e fomos para Maringá em 1985. Cheguei à Cidade Canção com oito anos de idade e fui estudar no CAP, escola pública que fica dentro da UEM. Na minha época o CAP era uma escola sem muros nem grades.

Foi uma infância linda. Morávamos ao lado da Universidade. A lembrança mais forte que tenho daqueles tempos é a de que na hora do recreio eu podia transitar livremente como os universitários por todos os departamentos e espaços da UEM. Às vezes eu conseguia ir para casa lanchar e depois voltava para aula! Liberdade de ir e vir que nunca mais tive em nenhuma escola! (rs).

Minha mãe trabalhava na UEM, no Departamento de Ciências Sociais, e por isso eu conhecia todo mundo: professores, alunos, porteiros, faxineiros e guardas. Essa era a minha “grande família”.

Em 1990, se não me engano, foi o ano da greve de seis meses. Para não perder o ano escolar fui para o Colégio Platão.  Lá fiz grandes amigos, alguns presentes em minha vida até hoje, mas não me adaptei muito bem às normas e regras do colégio, com muros, uniforme e crachá. Fui reprovada.

Voltei para a escola pública. Não me livrei dos muros, mas sempre os pulava (rs). Estudei no Gastão Vidigal, no Vital Brasil e me formei no Magistério no ano de 1997 no Instituto de Educação Estadual.

Em 1998 fiz as malas e fui-me embora pra São Paulo.”

Como teve início a sua carreira artística?

“Essa é uma longa e divertida história. Quando morávamos em Londrina, minha mãe trabalhava o dia inteiro em uma fábrica e por isso contratou a Marina para cuidar de mim e da minha irmã.

A Marina era uma mulher linda e divertida que tinha fugido da casa dos pais, quando ainda era adolescente, para viver com um artista de circo por quem ela se apaixonou loucamente. Depois de anos no circo e na estrada, ela fugiu do circo e foi morar com a gente.(rs). Lembro-me de ter parado de chupar chupeta porque ela fez uma mágica e a chupeta desapareceu! (rs). Aprendi com ela a virar cambalhota, fazer mágicas e palhaçadas. A Marina fazia o melhor e mais gostoso pão caseiro do mundo!

Depois dela eu tive como cuidadora a Tânia, que era atriz do Grupo Proteu e que contava-me histórias como ninguém. Minha mãe estudava na UEL e nossa casa era sempre frequentada por amigos, artistas e intelectuais.

Contam-me a história de que certa vez, em uma das apresentações do Grupo Proteu, num espetáculo de rua que contava a história de Tiradentes, na cena em que o personagem principal morre, o ator – que era muito amigo da minha mãe – deitou no chão do calçadão e “morreu”. Eu, com quatro anos de idade, íntima do ator, corri para o meio da cena e deitei ao lado dele. E lá fiquei “morta”, representando junto com ele por mais de 10 minutos de peça. (Rs). Foi assim que tudo começou…

Quando mudamos para Maringá conheci logo o meu querido amigo, “tio” e mestre Eduardo Montagnari, que depois foi também meu diretor. Ele também frequentava a nossa casa e, principalmente, a minha imaginação com as suas músicas, histórias e poesias.

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Thais (primeira à direita) em sua estreia nos palcos. “Relações” (1994).

Em 1993, aos 16 anos de idade, fiz meu primeiro curso de Interpretação no Teatro Universitário da UEM com o professor, amigo e diretor Pedro Ochoa. Foi ali, no palco do TUM, que definitivamente me apaixonei pelo fazer teatral. Foi com o Pedro que eu aprendi a dar os primeiros passos, a respeitar o espaço cênico e a viver à serviço desta arte.

A minha primeira atuação foi no ano seguinte, em 1994, no espetáculo “Relações”, que reunia textos curtos de Luís Fernando Veríssimo, com direção de Pedro Ochoa. Neste mesmo ano fui assistente de direção do Pedro na montagem do espetáculo “Maringá Ontem-hoje” no Lar Escola da Criança e do Adolescente e professora no projeto “Teatro para meninos e meninas de rua” na UEM.

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Thais em “A obra de arte” (1995), de Eduardo Montagnari.

Em 1995 me tornei bolsista do Departamento de Extensão e Cultura e atriz “efetiva” do TUM. Atuei no espetáculo teatral “A Obra de Arte” de Ánton Tchecov, adaptado por Héctor Quinteiro com direção de Eduardo Montagnari . Também em 95 atuei no espetáculo de rua “A farsa do mancebo que casou com mulher geniosa”, de Alejandro Casona, com direção de Pedro Ochoa.

No mesmo ano o Luthero de Almeida, amigo, ator, diretor, dramaturgo e “pai”, como eu costumava chama-lo, me convidou para fazer o espetáculo “O colecionador de histórias”.

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Thais e Luthero de Almeida em “O colecionador de histórias” (1997).

Foram 19 meses de pesquisa e experimentação. Juntos – eu, ele e o Pedro – construímos a dramaturgia da peça e estreamos em 1996. Eu era uma menina e aprendi muito com esse trabalho, por isso considero este um dos espetáculos mais importantes da minha vida. Viajamos muito por todo interior do Paraná, participamos do Festival de Teatro de João Pessoa e do 1° Festival de Teatro Infantil de Blumenau. Foi aí que a minha vida mudou.

No ano de 1997 em Blumenau (SC), Vladimir Capella – que é diretor de teatro e dramaturgo aqui da cidade de São Paulo – assistiu “O colecionador de histórias”, conversou comigo, elogiou o meu trabalho e pediu meu telefone. Em 1998 ele me ligou e me convidou para fazer parte do elenco de “Clarão nas estrelas”, produzido e apresentado no Teatro Popular do SESI, na Av. Paulista 1313.

Foi tudo muito rápido. Eu que nunca tinha vindo para São Paulo nem a passeio, cheguei num dia e no outro já estava ensaiando com um elenco maravilhoso de atores profissionais e generosos, pessoas que eu admiro muito e que fazem parte da minha história: Selma Egrei, Cacá Amaral, Talita de Castro, Lúcia Romano, Kadu Torres, Marcelo Médici, entre outros.

Na época o SESI ainda fazia contratações na Carteira de Trabalho e esse foi o meu primeiro carimbo. (rs).

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“Clarão nas estrelas” (1998), direção de Vladimir Capella – 1º espetáculo em SP. Foto: João Caldas

O espetáculo era lindo, com cenário e figurino de JC Serroni, luz de Davi de Brito, músicas de Dyonísio Moreno, texto e direção do Vladimir Capella. Ficamos um ano em cartaz, de quinta a domingo, com os ingressos sempre esgotados e filas enormes na frente do SESI. Tínhamos até fã-clube!

Ainda em 1998 eu participei do processo seletivo para cursar a EAD (Escola de Arte Dramática da USP) e passei! Entre os 700 candidatos, eu fui uma das 20 pessoas escolhidas para fazer parte da Turma 51 da Escola.

Comecei o curso em 1999 e me formei em 2002. Foram anos difíceis sim, mas com toda certeza determinantes em minha carreira e em minha formação. Lá eu conheci muita gente da classe artística e tive professores incríveis como: Celso Frateschi, Dan Stulbach, Iacov Hillel, Roberto Lage, Beth Dorgan, Cristiane Paoli Quito, Antonio Januzelli, Monica Montenegro, entre outros tantos mestres e amigos, aos quais sou extremamente grata.

Outras pessoas da minha turma também já faziam, e continuam fazendo, teatro de grupo na cidade de São Paulo, como por exemplo: Luíz Fernando Marques e o Paulo Celestino da Cia XIX, José Roberto Jardim da Cia Os Fofos Encenam e a minha grande amiga e parceira Christiane Galvan da Cia Vagalum Tum Tum, da qual eu participei do primeiro espetáculo, que levava o mesmo nome da Companhia.

“Vagalum Tum Tum” era um espetáculo de clown com roteiro de Angelo Brandini e direção Beth Dorgan.  Estreamos no Sesc Ipiranga e viajamos para muitas outras unidades do Sesc no interior do Estado de São Paulo no ano de 2002.

Em 2003 entrei para o Grupo VentoForte para substituir uma atriz no espetáculo “Victor Hugo, onde você está?” , texto e direção de Ilo Krugli. Fizemos temporadas em São Paulo e no Rio de janeiro.

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Thais em “Bodas de sangue”, do VentoForte. Pela 1ª vez o gostinho do Prêmio Shell. Foto: Fábio Viana.

No fim da temporada o Ilo me convidou para participar da montagem do espetáculo novo do grupo, “Bodas de Sangue” de Federico Garcia Lorca. A peça ficou linda. Estreamos no Sesc Belenzinho e depois viajamos muito para vários lugares do Brasil. Foi a primeira vez que ganhei o prêmio Shell!! O “Bodas” levou em 2005 Melhor Música e melhor Cenário.

No elenco tínhamos Marcello Airoldi, Lizete Negreiros, Dinho Lima Flor, Lilian de Lima, Rodrigo Mercadante, William Guedes, Aloisio de Oliveira, praticamente o mesmo coletivo de atores e músicos que hoje fazem parte da Cia do Tijolo.

No ano de 2006 o espetáculo foi convidado a participar do Fetival WMTF – World Music Theatre Festival / Holanda e fomos, representando o Brasil, para 10 cidades da Holanda: Amsterdam, Breda, Rotterdam, Maastricht, Zwolle, Den Bosch, The Hague, Groningen, Leiden e Drachten.  Apresentamos também na Itália em Udine e na Bélgica em Antuérpia.

Em 2007 remontamos “História de Lenços e Ventos”, um dos textos mais importantes do Ilo Krugli e que é referência para muitos atores e grupos que se aventuram a fazer e pensar teatro para crianças neste país.

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“Histórias de lenços e ventos” (2007), do VentoForte. Foto: Fábio Viana.

Em 2006 eu resolvi me afastar do Grupo VentoForte e fui em busca de novas experiências. Participei do longa metragem “O Signo da Cidade”, com direção de Carlos Riccelli e roteiro de Bruna Lombardi, entre outras pequenas participações em curtas e comerciais de TV. Em 2007 comecei a fazer teatro exclusivamente para os funcionários e familiares do Banco HSBC e com esse trabalho conheci praticamente o país inteiro.

No fim de 2007 eu fui morar alguns meses na Holanda e quando voltei, em 2008, reencontrei meus parceiros e amigos e entrei para a até então recém-formada Cia do Tijolo. Em 2009 estreamos “Concerto de Ispinho e Fulô”, espetáculo musical sobre a vida e obra do poeta Patativa do Assaré, no Sesc Paulista. Foi a primeira peça da companhia.

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“Concerto de Ispinho e Fulô” (2009), da Cia do Tijolo. Foto: Alécio Cezar.

Ganhamos o Prêmio Shell 2010 de Melhor Música e o Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro 2010 de Melhor Projeto Sonoro.

Em 2011 gravamos CD de música e viajamos para mais de 40 cidades do Brasil através do projeto do Sesc chamado Palco Giratório. No mesmo ano fomos com o “Concerto” para a Dinamarca participar do ASSITEJ – 17° world congress and performing arts Festival for young audiences. Apresentamos durante duas semanas em Copenhagen.

Em 2010 fui convidada pela diretora Débora Dubois para atuar no espetáculo infanto-juvenil “Quem tem medo de Curupira?”, com texto, músicas e direção musical de Zeca Baleiro. Ficamos oito meses em cartaz no SESI da Paulista. Foi maravilhoso voltar a trabalhar naquele teatro depois de tanto tempo e reencontrar todo o pessoal da técnica, contra-regras e camareiras. A peça foi um sucesso de púbico e ganhamos o Prêmio FEMSA 2010 – Melhor música original; Iluminação; Ator coadjuvante e Melhor Espetáculo Jovem. Eu recebi a indicação de Melhor Atriz Coadjuvante, mas não ganhei.

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“Quem tem medo de Curupira?”, de Débora Dubois. Foto: João Caldas.

Em 2012 fizemos 85 apresentações nas 40 unidades dos CEUs (Centro de Educação Unificada) da Prefeitura de São Paulo.

Trabalhar e conhecer o músico e artista Zeca Baleiro foi um enorme prazer e um privilégio. O trabalho resultou em um CD com as músicas do espetáculo, gravado e lançado pela Saravá Discos.

No fim de 2012 fizemos juntos a leitura de “Uma paixão segundo Nelson”, que se passa num ambiente de rádio, cheio de histórias e músicas compostas originalmente para a peça. Vocês podem ter o gostinho de saber um pouco mais clicando aqui.

Com a Cia do Tijolo, em 2012, fomos contemplados pela Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo e começamos a ensaiar a nossa “Cantata para um bastidor de utopias”. Foi um ano de pesquisa e ensaio intenso. Estreamos em 2013 no Sesc Pompéia.

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Cia do Tijolo em “Cantata para um bastidor de utopias” (2013). Foto: Alécio Cezar.

A peça foi indicada ao prêmio Governador do Estado de São Paulo – melhor espetáculo – 2013. Vencedora do Prêmio Shell – 2013 – melhor Música e Cenário. Está ainda indicada ao Prêmio Cooperativa Paulista Teatro 2013 nas categorias Elenco; Espetáculo em espaço não convencional; Projeto visual e Projeto sonoro.

Em 2013 fui convidada pelo diretor, músico e dramaturgo Gustavo Kurlat para fazer “Uma trilha para a sua história”, que teve patrocínio da Matel e estreia no SESC Pompéia. Sou a atriz narradora da peça que conta os sonhos de uma menina. Sempre digo que o Gustavo escreveu esse texto pra mim, e eu sou MUITO grata a ele. E sou feliz por fazer parte dessa história. Trabalho sensível, composto por um elenco talentosíssimo de dez bailarinos que dançam e encantam crianças, jovens e adultos.

"Uma trilha para sua história". Foto: Alécio Cezar.

“Uma trilha para sua história”. Foto: Alécio Cezar.

Com este espetáculo ganhamos o Prêmio APCA – 2013 – Melhor Espetáculo de Dança para Crianças e estamos concorrendo em seis categorias ao Prêmio FEMSA – 2013 – Thais Pimpão Melhor Atriz; Autor de Texto Original; Diretor; Música Original; Produção e Melhor Espetáculo Infantil.”

Sobre voltar a Maringá…

“Só voltei para Maringá com o “Concerto”. Quis muito fazer “Quem tem medo de Curupira?” aí, mas acabou não dando certo.

Sonho em voltar sempre pra Maringá com todos os trabalhos que faço. Acho importante para a cidade e para as pessoas que estão fazendo teatro por aí. O teatro é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros… (rs). ”

Vínculo com a cidade…

“Meu único vínculo hoje com Maringá é o coração. Por que “A cabeça pensa onde os pés pisam” (Frei Betto).

Hoje em dia moro há mais tempo aqui em São Paulo do que em qualquer outra cidade do Paraná. Não tenho mais familiares morando em Maringá, tenho apenas alguns poucos, mas eternos amigos, e parceiros do palco e da vida, dos quais faço questão sempre de lembrar e me comunicar.”

Conselho aos estudantes de Artes Cênicas …

“Acho que para quem está começando é necessário manter-se sempre de olhos e ouvidos bem atentos. Teatro é também uma arte que exige observação cuidadosa e não preconceituosa sobre todos os aspectos da vida.

Para ser ator é necessário ser generoso com a vida e com as pessoas. Ninguém faz teatro sozinho. “


4 respostas para “Perfil: Thais Pimpão

  • Laura Chaves

    Rachel só lamentei que na matéria que saiu no jornal O Duque a informação sobre o Colecionador de Historias não saiu nenhum crédito ao Luthero, na matéria ficou parecendo que também é trabalho do Pedro.

  • Rachel Coelho

    Tem toda razão, Laura. Falha nossa! Mas era tanta informação que muita coisa ficou de fora… vou tentar compensar com o blog!

  • guiga

    Encontrei a Thais na sexta a noite na Augusta.

  • guiga

    A propósito, lembro que meu irmão que passou alguns meses comigo em Maringá no final dos anos noventa viu junto comigo “o contador de histórias”. Lembro como se fosse hoje o momento em que a Thais pela uma mala e diz ao Luthero “eu vou embora” e ele responde pata o público “ela faz isso em todo espetáculo” meu irmão e eu rimos muito. Sexta passada descia a Augusta já meio alto na companhia de meus amigos de São Paulo onde fui passar o feriado e ela me vê e vem em minha direção, levei um tempinho para me lembrar dela já que fazia muito tempo que não a via, mas depois que ela foi virei para a Fernanda e a Verônica que me acompanhavam e disse: é uma atriz, uma grande atriz!

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